Economia Titulo Consumidor
Mercados da região evitam
desgaste e mantêm sacolas

Mesmo com a não obrigatoriedade na distribuição, varejistas
de pequeno e médio portes optam por satisfação dos clientes

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
20/08/2012 | 07:01
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Os consumidores que não levarem suas sacolas ao supermercado a partir do dia 16 não sairão das lojas com as compras na mão. Falta menos de um mês para que a determinação da 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo passe a vigorar. A Justiça estabeleceu que as sacolas plásticas passarão a ser cobradas. No entanto, mercados instalados nos bairros das cidades da região não acatarão a determinação. Para evitarem transtornos com a clientela, a opção é oferecer gratuitamente as embalagens. "Nunca deixamos de dar as sacolinhas. Adotamos os plásticos biodegradáveis e feitos de papel para contribuirmos com o meio ambiente, mas o consumidor não deve pagar por isso", diz a supervisora de caixa do mercado Baronesa, Kate Rodrigues.

Ela conta que a única medida que a varejista adotou foi a redução no volume de sacolas oferecidas. "Tudo para evitarmos discussão e constrangimentos. Portanto, damos as embalagens", confidencia.

O mercado São Judas Tadeu também continuará oferecendo as sacolinhas. "Infelizmente, os consumidores que têm a própria sacola, que utilizam embalagens biodegradáveis, são minoria. A grande parte dos clientes passa no mercado na volta para casa ou na ida ao trabalho e acaba esquecendo de carregar sua própria embalagem. Ainda não é costume", afirma a conferente do mercado, Lindoelia Evangelista da Cunha.

Os consumidores, por sua vez, agradecem. "Minha cabeça anda falhando. Às vezes esqueço de colocar na bolsa minha sacola de pano. É bom quando temos as sacolinhas de plástico de graça, assim economizamos e não corremos o risco de sair com a compra toda nas mãos para pegar ônibus", conta a aposentada Iraci Fagas, 62 anos. "Se é pelo bem do planeta, temos que nos adaptar. Não sou contra as sacolas corretas, mas sim em pagar por elas."

O supervisor de manutenção Alessandro Nogueira, 36 anos, compartilha da mesma opinião. Ele acha ruim o mercado cobrar pela embalagem. "Muitas vezes passo na loja sem ter me planejado."

Outro mercado, o Nagumo, também nunca deixou de distribuir as embalagens. "Oferecemos sacola oxibiodegradável e caixas, quando tem. Dar as embalagens está dentro dos custos do mercado e não temos o porquê de cobrar. Enquanto pudermos distribuir gratuitamente, assim vamos fazer", explica o encarregado da loja, Vagner da Silva Luz.

A Coop (Cooperativa de Consumo), com matriz em Santo André, informou por nota que irá continuar a distribuir gratuitamente as sacolas. Somente cessará essa distribuição se obrigada por lei.

DECISÃO - A briga pela distribuição gratuita de sacolas plásticas não acabou. Após a última determinação da Justiça de São Paulo, o advogado da SOS Consumidor (que tenta manter a distribuição gratuita) Arthur Mendonça Rollo informa que vai recorrer. "Não somos contra o meio ambiente. Somos a favor das sacolas ecologicamente corretas. Estamos brigando pelo custo que cabe aos consumidores. Os preços das embalagens já estão embutidos nos produtos da loja. É um absurdo querer cobrar por elas. A economia ficou para o supermercado e não para o consumidor", dispara.

O advogado, também professor da Faculdade de Direito São Bernardo, comenta que outra medida incabível é quanto ao custo das embalagens. "Antes, os mercados estavam cobrando R$ 0,19 por sacola. Depois dessa última determinação o preço será de R$ 0,59 por unidade até o dia 15 de abril de 2013. A partir de então, nem as embalagens as lojas precisarão fornecer. Ou seja, quem esquecer sua sacola ficará sem opções."

A ação sobre a qual houve a decisão tem como envolvidos a SOS Consumidor, que tenta manter a distribuição gratuita, e o Walmart, que pede o contrário e conta com o apoio das redes Carrefour, Pão de Açúcar e o Sonda.

Por meio de nota, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) atesta estar preocupada em relação à questão das sacolas plásticas, "pelos rumos que estão tomando as ações públicas (inúmeros projetos de leis e sentenças judiciais impactantes) e privadas (tecnologias não testadas e aprovadas oficialmente pelos órgãos competentes e denúncia de fraudes do tipo de sacolas compostáveis distribuídas)". Afirma ainda que medidas referentes a este tema, como obrigar a distribuição massiva ou impor uma determinada tecnologia, "representam retrocesso enorme no processo de conscientização do consumidor e das metas estimuladas pelo governo. Os supermercados estão cientes de que as ações de redução da utilização de sacolas plásticas podem ser aperfeiçoadas. A causa não é apenas dos supermercados, nem do varejo, é da sociedade".




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