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Imensidão de café

Plantação em Cachoeira de Minas é aberta a visitantes; grãos são exportados para Noruega e Itália

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/01/2019 | 07:19
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Sarah Ribas/Divulgação Circuito Turístico Serras Verdes do Sul de Minas


Alguma vez na vida já pensou em visitar uma fazenda de café? Não deixe esse desejo de lado, ainda mais quando isso é possível no Estado vizinho ao nosso, e dá para fazer de carro, sem desembolsos exorbitantes. Aos amantes de café e delícias da roça, nada pode ser mais prazeroso. Sem contar que a vista que se tem do topo do cafezal, a 1.050 metros de altitude, com um ‘mar’ de verde distribuído em 40 hectares, é de cair o queixo. Parece uma ‘obra’ inca, com os pés de café simetricamente plantados, separados por variedade, como espécie de Machu Picchu das Minas Gerais, guardadas as devidas proporções e sem as ruínas.

Junto há 43 anos, o casal Mara e Paulo Silva decidiu, em 2006, adaptar a Fazenda São Sebastião, em Cachoeira de Minas (cerca de uma hora de Cambuí, na beira da Rodovia Fernão Dias, e escolhida como base para percorrer o Circuito das Serras Verdes), herança da família, ao turismo rural, estudar o plantio de cafés gourmets e abrir o local ao público. “Até então cuidávamos como se fosse qualquer coisa. Sem estudar, apenas passando adiante a tradição aprendida. Era parte de nossa cultura. Quando descobrimos o quão saudável é o alimento e trocamos as variedades, descobrimos um mundo de possibilidades”, conta ela, enquanto eu anoto atentamente, entre um gole de café colhido a poucos metros de mim e passado na hora, e uma mordida em bolo de laranja fresquinho – que ouso dizer, o melhor que já comi.

“Até então a lavoura era bianual. Quando fomos estudar e nos certificar junto ao Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), descobrimos que, ao deixá-lo descansar por um ano, no período seguinte ela rendia o dobro. Começamos a passar por auditoria para poder exportar nosso café”, diz Mara.

Dos 60 mil pés de café e 500 sacas a dois anos, a fazenda adensou o plantio a 100 mil pés e 1.500 sacas por ano. Todo café é 100% arábica (típico de tempo frio e úmido), e as variedades usam menos agrotóxicos e são mais resistentes aos ventos, além de fornecer madeira – as árvores de café, cujo ciclo dura em torno de 30 anos, vão engrossando com o tempo, e quando não dão mais frutos, se pode aproveitar a madeira. “Desde 2010, produzimos móveis com ela e comercializados. Até então, apenas a queimávamos, como uma madeira qualquer.”

Hoje, o café Pé de Serra é produzido nas modalidades mundo novo, rubi, topázio, bourbon amarelo, catucaí e catuaí. Um contêiner acabou de ser embarcado para a Noruega com a intermediação da Cooper Rita (cooperativa de Santa Rita, cidade vizinha), que guarda e leiloa os cafés mais especiais. “Nosso produto ficou em primeiro lugar em concurso de Santa Rita. Já vendemos microlotes para os Estados Unidos e o Japão. E há cinco anos comercializamos lotes grandes para a Itália. A diferença de preço entre saca mais comum e uma top é quase o dobro, sendo que a primeira custa, por exemplo, R$ 450 e, a segunda, R$ 800. Mas o preço é flutuante, pois é uma commodity. E se consigo maior pontuação na análise, obtenho preço melhor”, explica. É quando Paulo decide passar outro tipo de café para eu provar, desta vez acompanhado de inebriante doce de marolo – fruta local cujo sabor se assemelha ao de marula, mas o aspecto é semelhante à fruta do conde.

Tour intitulado Café: do pé ao bule, com duração de quatro horas, inclui passeio técnico pela lavoura, caminhada pela trilha do palmito e mesa de café rural ao custo de R$ 100 por pessoa, e é realizado aos fins de semana, entre 9h e 16h. É necessário agendar pelo telefone (35) 9 9901-6403. A colheita do café, caso deseje se programar, ocorre de maio a outubro. Se o visitante apenas quiser comprar o café, pacote de 500 gramas (independentemente da variedade) cujo grão é moído na hora sai por R$ 15. Isso é que eu chamo de luxo.

PELA CIDADE - Se quiser explorar mais da cidade gracinha de Cachoeira de Minas, todo segundo e quarto domingos do mês é realizada a feira de artesanato e gastronomia Café com Arte na Praça da Bandeira, onde está a Igreja Matriz São João Batista. Lá também há a Padaria São João, aberta 24 horas, ideal para quando a fome bater.
 




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