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Anfavea começa a esboçar política de longo prazo
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
19/11/2004 | 09:54
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A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) quer do governo federal uma política setorial de longo prazo para a indústria automotiva, que possibilite um mercado brasileiro com vendas anuais de 2 milhões de veículos zero em 2006, bem acima de 1,54 milhão de unidades projetadas para este ano. Seria um patamar próximo ao recorde de vendas, de 1,95 milhão de unidades em 1997. A associação pretende também garantir a competitividade dos fabricantes nacionais por meio de um plano de atração de recursos para triplicar o volume de US$ 1,3 bilhão de investimentos efetivados no setor no ano passado.

A Anfavea possui uma proposta de política industrial para o setor e, embora não divulgue os detalhes, o que poderia afetar expectativas do consumidor, informa que contemplaria não só a redução do impacto da carga tributária na aquisição dos veículos, mas também a desoneração do custo dos investimentos, um programa de financiamento, aperfeiçoamento nas regras de retomada dos bens, entre outros pontos. A idéia é abranger produção, vendas, propriedade e utilização dos veículos, segundo o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, durante visita à fábrica do grupo PSA Peugeot Citroën, em Porto Real (RJ), que o governo federal intermedeia um programa de estímulos para a indústria automotiva. E, há poucos dias, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luís Fernando Furlan, afirmou que o governo poderá parcelar o recolhimento dos impostos cobrados sobre os automóveis, como parte de alternativas estudadas em conjunto com a Anfavea. Historicamente, as medidas em discussão representam uma segunda tentativa de política industrial, já que no início dos anos 90 houve a intenção de estabelecer uma câmara setorial para a indústria automotiva.

Golfarb afirmou que a proposta da associação das montadoras é um esboço, que ainda deverá ser alvo de negociação durante pelo menos os próximos seis meses com o governo e com toda a cadeia do segmento, incluindo a indústria de autopeças e os sindicatos de trabalhadores. "Precisamos de uma visão de longo prazo que dê segurança ao investidor", disse.

O dirigente afirmou ainda que há a necessidade de um novo ciclo de investimentos. Em 1994, os investimentos do setor somaram US$ 2,2 bilhões e havia 210 modelos de veículos no mercado, o que dá em média US$ 10 milhões por modelo. Em 2003, com aportes de US$ 1,3 bilhão, o mercado passou a ter 500 modelos, ou seja, US$ 2,6 milhões por modelo. Golfarb calcula que seria preciso chegar a US$ 6 milhões por modelo.

Para o consultor Fernando Rolim, da Rolim Consult, é fundamental uma política industrial para um setor que representa 10% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial do país. "Existe necessidade grande de investimentos e que o governo incentive a atividade do ponto de vista do consumo para que mais pessoas tenham acesso ao carro", disse. Ele avalia ainda que o país tem potencial para um mercado interno acima dos 2 milhões de veículos.

Metalúrgicos - O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, afirmou que o fato de atualmente a Anfavea querer uma política setorial de longo prazo reforça uma idéia que ele já defendia. "Chega de política emergencial. Não adianta ficarmos em uma política de quebra-galho", disse. Mas ele ressaltou: "Para ter o nosso apoio, tem de ter contrapartidas sociais", afirmou.




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