Depois de entrar em estado de alerta devido ao tempo seco na terça-feira, quanto a URA (Umidade Relativa do Ar) variou entre 11,6% e 13,9%, o Grande ABC terá dias mais amenos. A estimativa para o fim de semana é que o índice fique próximo dos 30%. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o ideal é 60%.

Apesar da melhora, o clima ainda traz prejuízos à saúde, tanto para quem tem problemas respiratórios crônicos quanto para a população em geral, que passa a conviver com ressecamento da boca e nariz, além de tosse e falta de ar.

Segundo o meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) Marcelo Schneider, o tempo seco observado no inverno é, de certa forma, normal, com exceção do extremo de baixa umidade do ar registrado na terça-feira. Isso porque o fenômeno El Niño aquece as águas do Oceano Pacífico e afasta frentes frias, o que mantém a temperatura entre 24ºC e 26ºC.

Além disso, dados da Defesa Civil Estadual mostram que, apesar da seca das últimas semanas, o inverno deste ano já acumula 166,9 mm de precipitação. No mesmo período do ano passado, de 21 de junho a 21 de agosto, choveu quatro vezes menos: 41,8 mm.

Para os próximos dias, a expectativa é que haja garoa entre a noite de sábado e a madrugada de domingo e chuva fraca no fim da tarde de segunda e durante a terça-feira.

O alívio, porém, não tira as condições climáticas do estado de atenção - a URA permanece entre 20% e 30%. Com isso, os efeitos da pouca existência de água na forma de vapor na atmosfera continuam a causar transtornos. "Estou com tosse seca e até falta de ar", diz a aposentada Luzia Costa, 77 anos. Além de recorrer às bacias com água e espalhar toalhas úmidas pela casa, a moradora da Vila Palmares vai à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Sacadura Cabral, em Santo André, para fazer inalação.

Entre as crianças, o problema é o mesmo. A manicure Magali Valverde, 45, adotou técnica de passar pano úmido pela casa e deixar as janelas abertas para arejar. Mesmo assim a filha de 7 anos sofre com tosse, espirro e garganta seca, sintomas agravados na última semana.

DICAS

A recomendação é evitar exercícios físicos ao ar livre entre 10h e 17h, além de beber líquidos para manter o corpo hidratado, destaca o responsável pela disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss. Segundo o especialista, é importante que pessoas com problema respiratório utilizem medicamentos adequados e que todos procurem o médico em caso de falta de ar, tosse e catarro.

AJUDA

Na tentativa de melhorar a sensação térmica e a irritação nas vias respiratórias, cada vez mais gente procura auxílio dos umidificadores e nebulizadores (inaladores), cujos preços variam de R$ 100 a R$ 250. A venda dos itens teve alta de até 60% em algumas drogarias, como no Shopping Praça da Moça, em Diadema. Desde o começo do mês foram vendidos quatro umidificadores e cinco inaladores, explica a assistente administrativa Jucélia Pereira.

Em uma drogaria de Mauá, o aumento foi em menor escala - 30%. Segundo a farmacêutica Caroline Cabelo, a demanda maior é para crianças sem problema respiratório. "Os aparelhos ajudam a desobstruir as vias respiratórias, o que facilita a respiração."

QUALIDADE

O tempo seco não interferiu na qualidade do ar da região nestes dias. Ontem, em três das seis estações de medição da Cetesb, a qualidade estava regular, enquanto nas demais o item era considerado bom. Segundo a companhia, isso ocorre porque no Grande ABC há ventilação adequada, o que dispersa os poluentes.