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O homem que sabe demais

Quando o deputado Ulysses Guimarães foi o homem-forte da República, Nelson Jobim era seu amigo mais próximo

Por Carlos Brickmann
17/05/2009 | 00:00
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Quando o deputado Ulysses Guimarães foi o homem-forte da República, Nelson Jobim era seu amigo mais próximo. Quando Fernando Henrique ocupou a Presidência, Nelson Jobim foi seu ministro da Justiça e, nomeado para o STF (Supremo Tribunal Federal), era conhecido como "líder do governo no Supremo". Quando Lula chegou à Presidência, Nelson Jobim se manteve "líder do governo no Supremo" e, aposentado, virou o todo-poderoso ministro da Defesa da administração petista.

Um homem pragmático, nosso Jobim. Que é que leva este homem pragmático a enfrentar o maior partido do País, o seu PMDB, e a desagradar alguns dos principais caciques partidários, demitindo seus afilhados, só para modernizar a Infraero e dar-lhe maior eficiência com menor custo?

Os bastidores da história: hoje, Jobim é um dos principais conselheiros do presidente Lula. E é seu mais importante conselheiro na área jurídica - suplantando até mesmo o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, ultrainfluente e muito respeitado pelo presidente da República. O objetivo de Jobim é subir mais um degrau: ser o vice, numa eventual candidatura de Lula ao terceiro mandato. Com Dilma não dá: seriam dois políticos do Rio Grande do Sul em uma só chapa. Com Lula, nordestino por nascimento e paulista na política, a história é outra.

E a briga com o PMDB? Ao que tudo indica, não vai longe: cargo é o que não falta no governo federal para alojar os desalojados. E Jobim ainda sairá da disputa com a aura de quem enfrenta o próprio partido em nome da moralidade.s

A VOLTA DO CÃOZINHO
Frank Aguiar, o Cãozinho dos Teclados, vice-prefeito de São Bernardo pelo PTB, está disposto a disputar as eleições para deputado federal. Frankie Aguiar, na verdade, só entrou como vice para trazer maior apelo popular ao candidato petista Luiz Marinho, que venceu a eleição ano passado. Frankie Aguiar gosta de morar em Brasília - onde tem fãs como o presidente Lula e Marisa Letícia.

RONALDO E CERVEJA, NÃO
O Ministério Público Federal entrou com ação contra a Brahma e a agência África. Motivo: o anúncio em que o Fenômeno oferece cerveja ao telespectador. O Código de Autorregulamentação Publicitária determina que a propaganda saliente a marca e suas características, sem induzir ao consumo. No caso, há associação entre o sucesso do craque e cerveja. O MP pede indenização "condizente com o milionário volume financeiro envolvido".

EQUIPE
Por falar em terceiro mandato, a adesão de três antigos adversários de Lula é de chamar a atenção: Severino Cavalcanti, Fernando Collor e Roberto Jefferson.

MUDANDO...
A CPI da Petrobras foi criada, mas está no telhado. Isso não tem muita importância: mesmo que a CPI seja mantida, a oposição não mostra apetite em fazer oposição. Além disso, a CPI teria um calendário péssimo: há o feriado de Corpus Christi (significa uma semana de paralisia), as festas juninas e, em julho, o recesso. A CPI, mesmo que exista, não existe. E haveria bons temas para debater: a denúncia, pelo Tribunal de Contas da União, de superfaturamento na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; irregularidades na encomenda e reforma de plataformas; e manipulação de royalties de petróleo, aquela história em que é citado um irmão do ministro.

...DE LADO
O importante, no caso da Petrobras, é descobrir por que o DEM, o mais duro partido de oposição, se aliou aos governistas para adiar a CPI. É esquisito.

TIRA SEM TIRAR
A Mesa da Câmara dos Deputados propõe o fim das verbas indenizatórias, de passagens, de Correio, de telefones. Mas não se alegre: a idéia é criar uma só verba, que some as outras. E, para que ninguém se comprometa, a maxiverba nem precisaria ser votada. Cada deputado terá direito a algo entre R$ 25 e R$ 30 mil mensais, fora o salário.

O BÊBADO QUE MATA
O deputado estadual Fernando Carli (PSB-PR) provocou um acidente de automóvel que matou dois jovens. Seu currículo: carta de motorista suspensa há quase um ano, com 130 pontos, referentes a 30 infrações de trânsito (23 por alta velocidade); hálito etílico no momento do acidente, o que indica que havia bebido (e muito: ao sair do restaurante, segundo testemunhas, se apoiou em casal de amigos); excesso de velocidade - o velocímetro quebrou marcando 190 km/h. Fernando Carli vai bem, apesar de ter causado a morte de Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20. Pode ser cassado por falta de decoro, julgado rapidamente. O que não garante nada: um promotor público, guiando embriagado na contramão e em excesso de velocidade, matou uma família em estrada paulista. E foi punido com promoção do interior do Estado para disputado posto em São Paulo.




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