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Câmbio: mercado deve manter cautela com EUA na véspera do feriado
Por Do Diário do Grande ABC
20/04/2000 | 09:56
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O comportamento ligeiramente positivo dos mercados externos nesta manha indica uma abertura menos pressionada do câmbio, mas os investidores devem manter cautela nesta véspera de feriado prolongado. Há pouco, os futuros do Nasdaq e do S&P subiam, respectivamente, 0,76% e 0 26%. O petróleo, citado junto com as bolsas internacionais e o FGTS pelo Copom como fator de cautela para justificar a retirada do viés de baixa dos juros, registrava pequena baixa instantes atrás. Contudo, o cenário externo continuará sendo monitorado com atençao pelo mercado doméstico. Hoje pela manha o Departamento do Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de auxílio-desemprego feitos na semana até 15 de abril.

A previsao média de 10 economistas entrevistados pela pesquisa Dow Jones/CNBC é de um pequeno aumento de 1.000 no número de pedidos elevando o total para 265.000 pedidos. Qualquer sinal de aquecimento excessivo da economia dos EUA poderá aumentar o pessimismo em relaçao à inflaçao e aos juros americanos, gerando volatilidade nos mercados, que já reagiram negativamente ontem ao déficit comercial recorde dos EUA em fevereiro.

Falando a empresários em Nova York quarta, o ministro Pedro Malan admitiu que, caso os EUA decidam reduzir suas importaçoes de US$ 1 tri ao ano, as exportaçoes brasileiras poderao sentir. Isto num momento em que o mercado brasileiro já demonstra desconforto com a balança, prejudicada pela operaçao-padrao da Receita e pelas importaçoes de petróleo.

Assim, ainda que a abertura do mercado externo nesta quinta seja aparentemente calma, o mercado cambial tende a manter um mínimo de cautela e o investidor deve evitar grandes apostas antes do feriado, o que pode diminuir a liquidez dos negócios. Mesmo que o mercado internacional passe a ter um comportamento melhor, alguns operadores consideram que dificilmente o dólar voltará a cair abaixo de R$ 1,75 no curto prazo.

Eles entendem que o próprio BC vem sinalizando que nao quer um real supervalorizado com os últimos leiloes de NBC-E, que diminuíram a oferta de hedge cambial ao mercado. Segundo fonte consultada pela jornalista Andréia Lago, da coluna AE-Mercado, no leilao de NBC-E de ontem a diferença de oferta - para menos - girou em torno de R$ 80 milhoes, sendo o terceiro leilao com reduçao entre R$ 50 milhoes R$ 100 milhoes no volume de hedge. Apesar desta pressao latente no câmbio, o mercado nao parece questionar a atitude do BC. Em parte, porque o BC tem tido o cuidado de nao reduzir excessivamente a oferta de títulos, preferindo uma "sintonia fina".

Ademais, o fluxo cambial tem sido positivo na maioria dos dias, o que permite que a oferta a menor de hedge acabe sendo assimilada sem maiores sobressaltos. Os fundamentos domésticos, considerados positivos, também contribuem para o câmbio absorver sem maiores pressoes tanto o efeito das NBC-E quanto a crise nas bolsas.

Nesta quinta, o BC divulga o resultado fiscal de fevereiro, e a expectativa é de que os números continuem dentro das metas. No plano da privatizaçao, o noticiário traz uma notícia negativa, que é o adiamento - sem nova data prevista - do leilao do IRB, e outra positiva, a decisao da Justiça de permitir a publicaçao do balanço do Banespa, que pode viabilizar a privatizaçao do banco. De qualquer forma, os investimentos diretos têm sido suficientes para cobrir o déficit em transaçoes correntes mesmo sem a ajuda dos leiloes de estatais, o que reduz a dependência do mercado cambial em relaçao ao fluxo gerado pelas privatizaçoes.




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