O advogado Pablo Rodríguez, chefe da equipe jurídica que defende o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, negou nesta quarta-feira a existência de depósitos ocultos de 9 mil quilos de ouro em nome de seu cliente em um banco de Hong Kong, segundo uma investigação confirmada pelo governo do Chile.

"Isso é completa, total e absolutamente falso", assinalou o jurista, que defende o general em diversos casos de violações dos direitos humanos e enriquecimento ilícito. "Se o general Pinochet tivesse um grama sequer no estrangeiro, eu seria o primeiro a renunciar à sua defesa".

"Isso não passa de uma cortina de fumaça com o objetivo de distrair a atenção da opinião pública dos graves problemas pelos quais está passando o país", afirmou.

As autoridades monetárias de Hong Kong informaram nesta quarta-feira que investigarão informações da imprensa chilena segundo as quais o ex-ditador Augusto Pinochet possui cerca de mil lingotes numa conta bancária da capital financeira chinesa.

O jornal chileno La Nación publicou nesta quarta-feira que foram "descobertos mais de mil lingotes de ouro de Pinochet em Hong Kong", que aparentemente se encontram numa conta em nome do ex-ditador.

A publicação, que não cita o nome do banco, acrescenta que as autoridades chilenas encarregadas de recuperar o dinheiro malversado por Pinochet tentam obter seu congelamento para que os lingotes não sejam transferidos para o exterior.

Questionado, o cônsul-geral do Chile em Hong Kong, Miguel Poklepovic, respondeu que não estava a par das informações. "Não fui contatado a respeito", declarou.

O chanceler chileno Alejandro Foxley confirmou que o ministério das Relações Exteriores recebeu informações por parte das autoridades chinesas, mas esclareceu que ainda não há nada de oficial.

A descoberta dos lingotes de ouro se soma às mais de 100 contas bancárias secretas localizadas há dois anos em nome do ex-ditador e de sua família, no Riggs Bank de Washington e outras instituições, com depósitos de mais de US$ 27 milhões.

Isso motivou uma investigação no Chile, que até agora determinou que o ex-ditador é suspeito de ter enriquecido ilicitamente durante seu regime (1973-1990).