Numa reação ao discurso de terça-feira, no Senado, em que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) classificou a Justiça da Bahia de “prostituída” e acusou juízes de receberem presentes, até mesmo apartamentos do construtor Fernando Frank para eleger o desembargador Benito Figueiredo, o novo presidente do Tribunal de Justiça (TJ), 24 dos 30 desembargadores do órgão decidiram processar ACM no Supremo Tribunal Federal (STF).

O principal alvo dele, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Carlos Alberto Dultra Cintra (que há seis anos iniciou um movimento de independência do Judiciário em relação ao PFL), informou que também pretende processar o jornal Correio da Bahia, de familiares de ACM, em função da publicação de várias reportagens consideradas por ele ofensivas.

A crise foi detonada pela divulgação, no Correio, da transcrição de um telefonema grampeado no qual Frank, supostamente, conversa com um irmão de Cintra dias antes da eleição do TJ. Aparentemente, o construtor estaria cabalando votos para eleger Figueiredo (que foi derrotou o desembargador Eduardo Jorge, irmão de ACM) e cita ter conseguido a adesão de três desembargadoras. Uma delas, Aidil Silva Conceição, escreveu uma carta de próprio punho, publicada no jornal de ACM, devolvendo um anel de brilhantes que recebeu de presente de Frank. Com esse material, ACM fez um discurso duro, classificando a eleição no TJ como “o maior escândalo na Justiça brasileira” e pedindo apuração do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Cintra disse que, “desta vez, o senador extrapolou, irresponsavelmente, e o mais grave é ter se aproveitado do Senado para denegrir a imagem do Judiciário baiano, chamando-o de corrupto, sem distinguir quem”.