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Artista de Diadema pinta painel na Holanda

Pixote Mushi criou grafite de 150 m² com inspiração na arte, cultura e elementos dos povos nativos brasileiros

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
22/05/2022 | 00:01
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Tariq Nazzal/Divulgação


 Uma grande árvore que representa um indígena brasileiro; pássaros que levam para longe as sementes da arte, da cultura, do respeito. Nas laterais, os grafismos que são pintados com urucum nos corpos daqueles que foram os primeiros a semear a terra. Todo esse simbolismo está presente em um grande painel, um grafite colorido, pintado pelo artista de Diadema Clodoaldo Almeida da Silva, 37 anos, mais conhecido como Pixote Mushi. O painel foi pintado na lateral de um conjunto residencial na cidade de Den Bosch, a 88 quilômetros da capital da Holanda, Amsterdã. Sua ida ao país europeu foi uma ação do Open art Museum e Kings of Color, com apoio e patrocínio da Embaixada Brasileira em Países Baixos.

Pixote atua como grafiteiro profissional há cerca de seis anos, mas há mais de 25 as tintas e artes fazem parte da sua vida. Durante a pandemia, participou de uma live de uma página no Instagram que divulga grafites do mundo todo e foi dessa conversa que surgiu a oportunidade de realizar seu primeiro trabalho internacional. “Fiquei na Holanda 15 dias, o mural foi pintado em sete dias e depois fui conhecer museus, visitei a Embaixada Brasileira, foi bem bacana”, relatou sobre a sua experiência.

O painel, de 150 metros quadrados, foi inspirado nas tradições dos povos nativos brasileiros, mas em especial no artista Jaider Esbell, que fazia parte do povo macuxi e era natural de Roraima. Um dos principais nomes da Bienal de São Paulo do ano passado, expoente e grande representante da arte indígena contemporânea brasileira, Esbell morreu em novembro de 2021.

O artista contou que no dia em que estava desenhando o esboço do painel que viria a ser pintado na Holanda soube da morte de Esbell. “A ideia é que esse mural fale sobre os povos nativos brasileiros, exaltar a arte indígena como referência para a produção artística contemporânea, apoiar as lutas pelas demarcações indígenas e homenagear um artista indígena brasileiro que estava em alta, puxando a frente de um movimento muito forte”, afirmou.

O artista avalia que o Brasil vive um momento favorável para o grafite, tanto pelo reconhecimento que muitos artistas vêm alcançando no Exterior, quanto por diversos eventos que têm sido realizados em diferentes cidades, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Manaus.

Pixote destacou a importância de que os produtores de arte olhem não apenas para o que é feito no Exterior, mas também para referências nacionais, a identidade cultural brasileira e assumir isso como um ponto de partida para suas próprias criações. “Esse foi um trabalho muito importante, que tem aberto novas possibilidades de diálogos para outros painéis, outras obras. Acho que foi muito importante o fato de que um artista de Diadema, periférico, arte educador na Fábrica de Cultura, pôde ir para o Exterior mostrar o seu trabalho e ser referência para os jovens”, concluiu. Contato com o artista Pixote Mushi pode ser feito pelo telefone 97090-6242 e pelo Instagram, @pixote.mushi.




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