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PSDB parte às prévias com desafio de superar acirramento entre Doria e Leite

Tucanos decidem hoje nome à Presidência; em entrevista ao Diário, pré-candidatos falam da importância da região e de planos em caso de vitória

Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
21/11/2021 | 01:00
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Gustavo Mansu/Palácio Piratini


O PSDB hega hoje ao fim da disputa, que chegou a ser dura em alguns momentos, entre os governadores João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) para a escolha do presidenciável do partido na eleição do ano que vem. Em entrevista exclusiva ao Diário, os dois principais candidatos nas prévias apontaram caminhos que pretendem traçar caso vençam a eleição interna e como irão se apresentar como alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

“O Brasil não quer a volta do Mensalão e Petrolão. Nem quer manter o negacionismo e as rachadinhas”, disse o governador paulista. Ele ainda provocou o adversário: “O Brasil quer um líder com experiência na gestão pública e privada.”

O gaúcho também cutucou o concorrente: “Acredito mais na construção do que na destruição, mais na política do que no marketing”. Leite falou que acredita que, com mais exposição, poderá impulsionar seu nome como candidato viável da chamada terceira via.

Ambos contam com apoio de dois prefeitos tucanos do Grande ABC nas prévias: Eduardo Leite tem ao seu lado Paulo Serra (Santo André), equanto João Doria tem apoio de Orlando Morando (São Bernardo). Para os governadores, a região deve ter espaço estratégico em eventual governo presidencial tucano. “Paulo Serra é um líder nato”, disse Leite. “Morando faz parte do PSDB que inova na gestão”, afirmou Doria.

JOÃO DORIA

Por que o sr. entende que seu nome é a melhor opção para ser o presidenciável do PSDB no ano que vem?

JOÃO DORIA - O que me credencia a postular a indicação do PSDB são duas coisas. Primeiro, o sucesso da gestão e das políticas públicas que implantamos em São Paulo. Mas também a necessidade de oferecer ao eleitor brasileiro um projeto nacional amplo e moderno, que estabilize a economia, atraia investimentos e gere empregos. Um projeto que conecte o Brasil com as demandas do século 21, a indústria 4.0, que vai beneficiar o Grande ABC, um agro tecnológico e sustentável, a proteção ao meio ambiente, as reformas estruturais, a transformação social pela educação de qualidade, com escolas de tempo integral e ensino técnico, e o atendimento às demandas sociais, especialmente na saúde e proteção social. O Brasil não quer a volta do Mensalão e Petrolão. Nem quer manter o negacionismo e as rachadinhas. O Brasil quer um líder com experiência na gestão pública e privada, que saiba formar equipes qualificadas e que tenha implantado políticas públicas inovadoras, com resultados comprovados.

Em caso de vitória nas prévias, qual deve ser sua plataforma de campanha?

Quando começamos o governo, São Paulo tinha dívidas de R$ 10 bilhões e 200 obras paradas. Hoje temos R$ 50 bilhões para investimentos até o final de 2022 e 8.000 obras em andamento, que geram 200 mil empregos. Conseguimos esse resultado porque adotamos uma política liberal, de valorização da economia de mercado, com atração de investimentos, nacionais e internacionais, concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas). Mas com responsabilidade fiscal, reformas estruturais e valorização dos serviços públicos e dos programas sociais. Implantamos o mais abrangente programa social da história de São Paulo, o Bolsa do Povo, que impacta um de cada dez moradores do Estado. Vamos restabelecer a confiança no Brasil e a esperança no futuro. Vamos trazer investimentos e gerar empregos.

Como o senhor enxerga o cenário pós-pandemia?

Em boa parte, esse cenário começou a acontecer em São Paulo. Quem respeitou a ciência, defendeu a vida e manteve a economia funcionando, está colhendo resultados positivos. Desde 2019, São Paulo cresce a um ritmo quatro vezes mais forte que a média nacional. Neste ano, devemos registrar um aumento de 7,5% no PIB (Produto Interno Bruto), o maior crescimento em quase 50 anos. E vamos fechar 2021 com quase um milhão de novos empregos formais. O Brasil não colhe os mesmos benefícios por causa do negacionismo, da bagunça fiscal e da falta de credibilidade internacional. 

Por qual razão nenhuma candidatura da chamada terceira via decolou?

Um está em campanha desde que deixou o governo (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva). O outro (o presidente Jair Bolsonaro) está em campanha desde que entrou no governo. Nós estamos nos apresentando agora. As prévias ajudaram o PSDB a mostrar que tem políticas públicas inovadoras. Temos gestores testados e aprovados. E nossos governos têm entregas e realizações que transformam o Brasil e melhoram a vida das pessoas. 

O sr. tem entre seus principais apoiadores uma importante liderança política do Grande ABC (Orlando Morando, prefeito de São Bernardo). De que forma ele tem contribuido nesse período de pré-candidatura e como o senhor enxerga a importância do Grande ABC em um eventual governo?

Orlando Morando faz um grande governo. Faz parte desse PSDB que inova na gestão pública, com boas políticas e resultados que melhoram a vida das pessoas. Seu apoio tem sido fundamental nessa caminhada e será valiosa na construção de um projeto nacional. Sempre digo que ninguém ganha eleição no Brasil sem o engajamento de São Paulo. E ninguém ganha eleição em São Paulo sem o engajamento do Grande ABC. Acredito que quem tem peso para eleger, precisa ter peso para governar. É por isso que respeitamos e apoiamos o Grande ABC no governo de São Paulo. E não será diferente na construção do projeto nacional do PSDB.

O sr. pretende apoiar seu adversário na campanha a presidente caso não seja o vencedor nas prévias?

Disse isso durante a campanha das prévias. E reforço o que disse porque tive a garantia do presidente Bruno Araújo de que teremos segurança no processo de votação e totalização. Acredito que todos os que se inscreveram nas prévias desejam ajudar a construir o futuro do partido.

Como explicar aos eleitores do estado de São Paulo que o senhor, caso vença as prévias, irá renunciar ao cargo de governador para o qual foi eleito em 2018?

Essa é uma imposição legal. Todos os governantes precisam se desincompatibilizar seis meses antes da eleição, à exceção dos mandatários que disputam a reeleição. E sempre disse que não disputaria a reeleição.

EDUARDO LEITE

Por que o sr. entende que seu nome é a melhor opção para ser o presidenciável do PSDB no ano que vem?

EDUARDO LEITE - Aceitei o desafio por entender que o Brasil precisa de um nome que seja uma terceira via, e não um terceiro polo de briga e rejeição. Rejeição, aliás, que é uma diferença, não apenas com meu principal adversário nas prévias, mas também em relação aos futuros adversários em 2022. Só o PSDB pode oferecer ao País uma alternativa diferente do que está aí, seja pela baixa rejeição, seja pelo estilo de fazer política, em que também sou diferente do meu adversário. Acredito mais na construção do que na destruição, mais no fazer do que no falar, mais na política do que no marketing. Eu quero ser um candidato com a cara do PSDB, e não fazer o PSDB ter a minha cara. 

Em caso de vitória nas prévias, qual deve ser sua plataforma de campanha?

Primeiro, respeito ao Parlamento e reconhecimento da legitimidade de suas agendas, que também foram votadas pelo povo. Segundo, a visão de que os brasileiros fazem grandes coisas sozinhos, mas um grande País não se faz sozinho. Vamos nos unir para construir o grande País que podemos ser. E provo isso com o meu governo no Rio Grande do Sul. Assumi um estado em crise, que não tinha receita para investir e que não pagava salários do funcionalismo e fornecedores em dia. Realizei privatizações e reformas profundas como nenhum outro governo, com muito diálogo e responsabilidade, atacando os problemas e não as pessoas.

Como o senhor enxerga o cenário pós-pandemia?

O País tem enormes problemas, aumentados por um governo irresponsável na economia, na gestão fiscal, no controle ambiental e na visão social. Teremos desafios enormes pela frente, com nossas estruturas de saúde e educação pressionadas pela pandemia, e com a necessidade de um grande esforço nacional pela reorganização das contas públicas e enfrentamento do maior objetivo do meu governo, que será enfrentar as desigualdades e reduzir a pobreza, que aumentaram nos últimos anos e são impactadas ainda mais pelo desemprego, inflação e desajustes de toda ordem. 

Por qual razão nenhuma candidatura da chamada terceira via decolou?

Acho injusto colocar meu nome no mesmo saco que candidatos que são candidatos desde 2002, como Ciro Gomes, ou como candidatos com alta exposição midiática, como o ex e o atual presidente, ou mesmo Sergio Moro (Podemos), na mídia desde os tempos da Lava Jato. Posso incluir nesse rol o próprio governador Doria, que mesmo com a vacina não diminuiu sua rejeição, mas teve mídia em todo o País, ou mesmo (o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta, que foi ministro no auge do interesse pelas lives diárias do início da pandemia. Eu sou pré-candidato desde março, há pouco mais de seis meses, e neste pouco tempo já tenho índices melhores do que Doria e Mandetta na última pesquisa, publicada pela revista Exame. E com a menor rejeição entre os principais candidatos. Ao ganhar as prévias, certamente a exposição impulsionará meu nome como candidato viável da terceira via.

O sr. tem entre seus principais apoiadores uma importante liderança política do Grande ABC (Paulo Serra, prefeito de Santo André). De que forma ele tem contribuido nesse período de pré-candidatura e como o senhor enxerga a importância do Grande ABC em um eventual governo?

Paulinho Serra é um apoiador de primeira hora, um grande quadro do PSDB e um líder nato que representa o que o PSDB tem de melhor, pela visão política e responsabilidade social e de gestão. Ele será importante não apenas nas prévias, mas em toda a nossa caminhada, e certamente fará do Grande ABC uma região que terá um olhar diferenciado e estratégico se chegarmos à Presidência.

O sr. pretende apoiar seu adversário na campanha a presidente caso não seja o vencedor nas prévias?

As prévias foram uma enorme demonstração de força e democracia do PSDB, algo que o PSDB vai inaugurar no País. Tenho certeza que venceremos as prévias e que sairemos mais fortes deste processo, com legitimidade para buscar alianças na terceira via. A disputa naturalmente propicia enfrentamentos e debates, mas as diferenças entre nós são pequenas perto da diferença que temos com Lula e Bolsonaro. 

Como explicar aos eleitores do Rio Grande do Sul que o senhor, caso vença as prévias, irá renunciar ao cargo de governador para o qual foi eleito em 2018?

Já anunciei que não irei à reeleição, e renunciar meses antes não vejo como um problema por duas razões. Primeiro, porque meu Estado faz parte do Brasil e precisamos todos, os gaúchos também, de um novo governo que recoloque o Brasil no rumo certo, e isso vai potencializar o que fizemos no Rio Grande do Sul. E, segundo, porque o projeto vai permanecer, não é projeto de um homem só, mas de homens e mulheres que fazem um governo com senso de missão coletiva.




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