Política Titulo Rio Grande da Serra
Legislativo vota relatório de CPI de olho
em impeachment de Claudinho

Pedido de cassação do prefeito deve ser anexado ao resultado de comissão

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
15/09/2021 | 00:46
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Nario Barbosa/ DGABC


A Câmara de Rio Grande da Serra analisa hoje o relatório final da CPI do Fura-fila da vacinação contra a Covid-19 na cidade em meio a ambiente de pedido de afastamento do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB).

O relatório produzido pelo vereador Benedito Araújo (PSB) aponta série de supostas irregularidades cometidas pela administração do tucano e que seria passível de enquadrar o chefe do Executivo no processo de cassação.

O texto cita que a servidora Silvia Maria Rodrigues da Silva atuou irregularmente na Prefeitura por cerca de seis meses e que ela, estranhamente, foi transferida para a Secretaria da Saúde, entrando na linha de frente da imunização no início da campanha de vacinação, quando as doses ainda estavam escassas – Silvia recebeu sua primeira dose em janeiro. A funcionária teve portaria de contratação publicada somente no meio do ano, e na pasta de Serviços Urbanos, não na área de Saúde.

O cerne do relatório vai na falta de publicação das contratações no Diário Oficial municipal – veiculado no jornal Folha de Ribeirão Pires. Foi identificada quase uma dezena de funcionários que trabalharam por um semestre no Paço sem a efetivação das nomeações.

“As implicações do caso em questão no tocante à falta de publicidade das portarias de nomeações de diversos funcionários corrobora a prática de improbidade administrativa, uma vez que todos os atos do poder público devem ser publicados, em virtude da finalidade de se priorizar o interesse da coletividade em detrimento do particular. Ora, o agente que nega publicidade aos atos oficiais comete improbidade administrativa, face seu dever de agir com lealdade e probidade”, escreveu Araújo.

O Diário apurou que, juntamente com o relatório, a bancada de oposição vai propor, via ementa, a instauração de comissão processante, que é o pontapé inicial da avaliação do impeachment de Claudinho. O regimento interno não é claro sobre o afastamento imediato do tucano, mas circula no bloco oposicionista a tese de simetria com outras esferas de poder – no Rio de Janeiro, por exemplo, o ex-governador Wilson Witzel foi afastado do cargo temporariamente quando a Assembleia Legislativa local aprovou o prosseguimento do pedido de cassação.

O secretário de Governo de Rio Grande da Serra, Admir Ferro (PSDB), disse não haver fundamento legal para cassar o prefeito. “A apuração começou com um suposto fura-fila da vacinação, que de fato não aconteceu. A funcionária era de Serviços Urbanos, mas trabalhava na saúde. Quando a Câmara aprova uma CPI, a comissão investiga determinado fato. Se quiser ampliar, outra comissão precisa ser instalada. Neste caso, é uma CPI com teor político, que cheira ser golpista, porque querem a todo custo tirar o prefeito do cargo.”

Ferro indicou ainda que a CPI é “nula na origem” pelo fato de o Legislativo negar a participação do vereador governista Elias Policial (Podemos) no sorteio para montagem da comissão. “Tiraram o vereador Elias pelo fato de ele ser líder do governo. Mas o regimento nada diz que esse cargo o impede de participar. Ou seja, é uma CPI viciada desde seu início, passando pela investigação até o relatório final. Não acredito que vereadores que pensem na cidade entrem nessa de alguns que querem o poder pelo poder.” 




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