Política Titulo Crise
Claudinho pede devolução do
prédio da Câmara de Rio Grande

Prefeito diz que estrutura voltará para a educação; Legislativo contesta decisão e afirma que só acatará rescisão por meio de projeto de lei

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
06/08/2021 | 15:38
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Nario Barbosa / DGABC


O prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (PSDB), pediu a devolução do prédio onde funciona a Câmara. O tucano argumenta que utilizará o espaço para a função original desenhada para a estrutura, que chegou a acolher o Creb (Centro de Referência de Educação Básica).

O chefe do Executivo protocolou pela manhã documento no qual coloca fim ao comodato assinado em 2019 para que o Legislativo pudesse utilizar o espaço e deixasse de alugar salas em cima de uma farmácia na região central da cidade – foi o endereço da Câmara por 44 anos. O contrato tinha vigência de dez anos.

Claudinho fez live para comunicar a decisão administrativa. Ao lado de Carlos José Duarte (PSDB), ex-secretário de Saúde do município e hoje gestor lotado na pasta de Segurança, Trânsito e Defesa Civil, seguiu a pé trajeto entre a antiga sede legislativa até a atual casa. “Eles desalojaram as crianças. Foi uma irresponsabilidade e uma falta de compromisso com Rio Grande”, disse Claudinho, no início da transmissão ao vivo.

Ao longo da caminhada, ele relembrou o período em que ficou como vereador – 12 anos, entre 2000 e 2012 –, rememorou quando houve compra de terreno para construção da sede do Parlamento e, por diversas vezes, criticou o vereador oposicionista Claudinho Monteiro (PTC), presidente da Câmara na época da assinatura do comodato. “Um suplente que virou vereador e que mandava no governo anterior (do ex-prefeito Gabriel Maranhão, Cidadania).”

O tucano apontou que a Câmara deixou de pagar R$ 8.600 pelo aluguel da sala em cima da farmácia para que a Prefeitura despendesse R$ 15 mil em aluguel de estrutura que acolheu os alunos que estudariam no Creb. Ao chegar à casa, porém, Claudinho se deparou com Monteiro também em transmissão pelas redes sociais.

O vereador esbravejou, lembrou de ações judiciais que foram movidas contra Duarte e criticou a decisão do chefe do Executivo. Impassível, Claudinho levou o documento solicitando o prédio de volta ao setor jurídico da casa. Alertado por alguns advogados que trabalham na Câmara sobre a necessidade de analisar a peça, o tucano retrucou. “Estou no meu direito. Está dentro do comodado (a possibilidade de reaver a estrutura). Evidentemente que vou dar um tempo para vocês se organizarem. Mas se não devolverem, entrarei com ordem de despejo.”

“Quero o espaço de volta. Espaço é da educação, das nossas crianças. Professores, educadores, todas as famílias de Rio Grande, saibam que isso está definido. As nossas crianças ficaram em lugar perigoso. A estrutura do centro foi feita de forma pensada, com estacionamento, em área de fácil acesso para que as peruas escolares pudessem levar e trazer nossas crianças. Vamos fazer com que esse espaço volte a ser das crianças”, sentenciou Claudinho.

Em nota, a Câmara confirmou o recebimento do documento para a rescisão contratual do comodato, mas emendou que só dará andamento ao procedimento por meio de encaminhamento de projeto de lei, por parte do Executivo, para revogar a parceria, dizendo ser entendimento da assessoria jurídica. “A cessão foi devidamente autorizada mediante lei municipal, com base em alegação de interesse público do município.” 

Decisão mobiliza oposição ao tucano

A rescisão do contrato de comodato para exploração, por parte da Câmara, do prédio anteriormente destinado ao Creb (Centro de Referência de Educação Básica) surge uma semana depois de o prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (PSDB), romper com sua vice, Penha Fumagalli (PTB).

Em maio, quando houve o primeiro estranhamento político entre os grupos, Claudinho ameaçou retirar o Legislativo da atual estrutura e a cartada relativamente funcionou – a postura oposicionista arrefeceu e não houve confirmação de distanciamento.

Na semana passada, porém, Penha declarou publicamente que fará oposição ao tucano, criticou a ida dele ao PSDB e disse que Claudinho rasgou o plano de governo que ambos defenderam nas urnas. Ex-mulher do ex-prefeiturável Carlos Augusto César, o Cafu, ela integra um bloco que conta, atualmente, com sete vereadores.

Nesta sexta, horas depois de Claudinho notificar a direção da casa sobre o fim do comodato, esse grupo oposicionista se reuniu para analisar os próximos passos. Outros encontros estão marcados para o fim de semana, para medição da temperatura da crise política do município.




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