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‘Temos a missão de manter a ordem e a paz’

Sob a responsabilidade do delegado Luís Augusto Castilho Storni há nove seccionais em 38 municípios, incluindo os do Grande ABC, e o setor atua em conjunto com parcela de 12 milhões de pessoas

Daniel Tossato
28/06/2021 | 07:03
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André Henriques/ DGABC


Raio-x
Nome: Luís Augusto Castilho Storni
Estado civil: casado
Idade: 55 anos
Formação: bacharel em direito
Hobby: ginástica e viagens
Local predileto: casa e Litoral Norte
Livro que recomenda: A Cabana e O Mundo de Sofia
Artista que marcou sua vida: Al Paccino e Robert De Niro
Profissão: delegado
Onde trabalha: Demacro

Há dois anos e meio à frente do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), o delegado e diretor do departamento, Luis Augusto Castilho Storni, comanda uma das principais forças de segurança do Estado de São Paulo.

Sob sua responsabilidade há nove seccionais em 38 municípios, incluindo os do Grande ABC, e o setor atua em conjunto com parcela de 12 milhões de pessoas.

Criado em 1991, o Demacro alcança 30 anos de idade em 2021, com intenção de trazer modernidade aos atendimentos e de buscar aproximação com as pessoas.

Neste ano o Demacro completa 30 anos desde a criação. Qual a importância da delegacia?

O Demacro engloba nove seccionais, dentro dos 38 municípios em que atua. Para se ter ideia de sua grandeza, o departamento atua junto de uma população de 12 milhões de pessoas que vivem nestas cidades. O Demacro atua diuturnamente em seu dever constitucional de elucidar os crimes que são cometidos. Temos compromisso de manter a ordem e a paz social por meio do combate do crime. Essa é a nossa missão. A função do Demacro, dentro do sistema se segurança, é contribuir para que possamos frustrar as ações criminais. Nestes dois anos e seis meses que atuo à frente do Demacro, meu foco é sempre o esclarecimento dos crimes e sempre contamos com o apoio da SSP (Secretaria da Segurança Pública). Seguimos todas as diretrizes do delegado geral, que realiza sempre trabalho de modernização.

Como a pandemia impactou no trabalho da Polícia Civil? Quais são os desafios encontrados pela corporação?

A pandemia acelerou a implementação de tecnologias que já estavam ocorrendo antes da crise sanitária. Hoje, temos entre 13 e 14 tipos de atendimentos eletrônicos nas delegacias on-line. Com a pandemia, a Polícia Civil fez grande esforço para atualizar seu sistema e inseriu todos os crimes na delegacia eletrônica. Creio que a pandemia trouxe a necessidade de acelerar alguns projetos que, eventualmente, demorariam mais tempo e trouxe essa modernidade para o atendimento da população. E que irão permanecer. Queria destacar que a polícia também foi vítima da pandemia. Perdemos muitos policiais devido à Covid-19 e esse é um espaço importante para a gente demonstrar nossa solidariedade com os familiares desses policiais. Cada policial que a gente perde é como se fosse um integrante da nossa família.

Como atua o Demacro, em especial no Grande ABC?

Nós vamos ter o boletim de ocorrência, não só no Grande ABC, mas em todos os municípios do Demacro, como possibilidade da extensão do atendimento do policiamento preventivo. Nós já temos um (projeto) piloto na Capital, na Seccional Centro e Leste, onde a Polícia Militar, no próprio atendimento da ocorrência, registra o caso e encaminha para a Polícia Civil, que já informa, à parte, qual documento que tem que retirar, que já está disponível seja na internet ou com a PM. Nós vamos fazer ganhar em celeridade na investigação, na informação e a possibilidade de que a vítima não precise se deslocar para uma unidade policial.

Como anda o investimento utilizado para equipar e modernizar a Polícia Civil?

Temos total apoio do atual governo do Estado de São Paulo (cujo governador é João Doria, PSDB). A dotação financeira atual ultrapassa os investimentos realizados em governos passados. Os investimentos focam, principalmente, nos avanços tecnológicos e no atendimento às pessoas. Estamos avançando nos quesitos de agilidade. Exemplifico com a redução de 80% da realização das ocorrências nos postos físicos. Dessa forma, podemos usar todo os nossos homens na atividade-fim da Polícia Civil, que é a investigação, a elucidação de crimes. Também recebemos equipamentos e mantemos sempre as equipes treinadas. Estamos expandindo todo o atendimento eletrônico.

No Grande ABC, a Polícia Civil tem investigado até denúncias de fura-fila de vacina? Como é atuar em um episódio como este?

A Polícia Civil foi além. Não vamos só investigar quem é que tenta burlar um sistema de controle estabelecido pelas autoridades sanitárias, para que a população prioritária seja vacinada. Mas entramos juntamente com o sistema de segurança pública para coibir as aglomerações. É uma atitude que visa conter a pandemia. Ora, alguns irresponsáveis, que podemos até classificar como criminosos, acabam criando situações em ambientes fechados, juntando pessoas que, na maioria, são jovens e que não têm percepção do perigo que estão correndo. Estas pessoas acabam aumentando, de uma forma muito concreta, a transmissão do vírus e prejudicando o atendimento daqueles que estão infectados. A polícia tem que coibir isso e atua diuturnamente para evitar estas aglomerações. Queremos proteger a população para evitar que se contamine com o vírus. Algumas situações novas com a pandemia requerem que a polícia se adeque à nova realidade. Sobre as pessoas que furaram fila, nós vamos apurar. Já há inquéritos em andamento.

O Grande ABC poderá receber novas delegacias em um futuro próximo?

Então, isso é uma questão importante. Temos um trabalho constante de reengenharia no seguinte sentido. Temos que fazer, melhorar nosso aproveitamento com as condições que recebemos. Hoje, qual é o nosso objetivo? O nosso planejamento é conseguir fazer com o que tenhamos aglutinações de unidades, aumentando a nossa eficiência. Antigamente você tinha uma unidade policial física e a sensação de que no local se tinha segurança. E isso, na verdade, não é uma realidade. A segurança vem de um conjunto, que não é só o sistema de segurança pública que é o precursor dessa condição. Nós temos outras situações agregadas que fazem com que a população tenha essa sensação. Exemplos: uma área bem iluminada, uma área limpa, uma área em que nós temos policiamento extensivo, essas áreas trazem sensação de segurança. Hoje, nosso plano é aglutinar e dar resposta mais rápida na nossa atividade-fim, que é o esclarecimento dos crimes. E proporcionar comodidade para que a população possa registrar suas ocorrências no maior número de postos possível. Então, para ficar claro, nosso sistema de registro possibilita que, em qualquer ponto que tenha internet, você entre no site e faça o registro do boletim de ocorrência. Vinte quatro horas (depois) nós vamos ter delegados de polícia, investigadores já aptos a tomar as primeiras providências com este registro. Se for um caso de violência doméstica, já deslocar viatura para o local. Nosso objetivo, e já estamos fazendo isso, como em São Bernardo, é estender a possibilidade da guarda municipal também elaborar o boletim de ocorrência por meio dessa via. Se alguma vítima encontrar alguém da guarda e esse grupo tiver um tablet com acesso à internet, a própria viatura pode registrar essa ocorrência e essa pessoa, no local, já sai com o início das investigações informadas. Queremos expandir o registro nas delegacias eletrônicas e concentrar nossas atividades em poucos lugares. Oferecendo celeridade com o início das investigações.

Na região, a Polícia Civil também atuou na investigação de crimes eleitorais, como averiguação do suposto laranjal do PDT de Diadema. Como a polícia pode auxiliar em casos como estes?

Nós temos, dentro das seccionais do Demacro, unidade que cuida só de crimes relacionados ao sistema público e daqueles crimes que a gente precisa de um contato muito estreito com os órgãos de controle do Estado, seja TCE (Tribunal de Conta do Estado), o TCM (Tribunal de Contas do Município) e o MP (Ministério Público), em locais em que temos possibilidade de aprofundamento de investigação relacionados ao patrimônio público etc. Toda seccional tem unidade específica para cuidar desse tipo de violação do sistema jurídico, no que você pergunta de crime eleitoral, estas equipes têm expertise para relacionar o fato apresentado a legislação competente, visando responsabilizar aqueles que, de certa forma, tentam burlar o sistema para beneficio próprio e em benefício de terceiros.

Quais são os índices de elucidação de crimes por parte da Polícia Civil?

Temos uma preocupação constante em elucidar crimes e prender criminosos em todos os crimes, mas quando há crimes graves, nos preocupa muito mais, porque o criminoso que pratica o crime grave é um criminoso que tem isso como um meio de vida. Aqueles que praticam roubo, por exemplo, que se utilizam de arma e de grave ameaça, eles nunca se concentram num só local. O trabalho da polícia é sempre de aprimorar a investigação. Para se ter uma ideia, não há uma prisão de crime grave que o Demacro não tome conhecimento. E se a gente sabe que esse criminoso pode ter ultrapassado os limites de nossa circunscrição, como acontece, nós também comunicamos os outros departamentos. Essa troca de informações é uma constante. Então, a Polícia Militar conseguiu prender um criminoso ladrão de carro, podemos afirmar que aquele não foi o único carro que ele roubou. Isso é fato. Dessa forma, nós temos aumento no esclarecimento de crimes, nós temos a possibilidade de o autor do crime ser responsabilizado por todos os delitos que a gente consegue descobrir que ele praticou. Se ele fosse responder por um crime e, em média, ficasse cinco anos na prisão, ele vai responder por dez crimes e podendo ser apenado a um limite o deixando segregado, pensando nos crimes que cometeu. Os homicídios, no Demacro, são de 70% a 80%, variando o mês, de esclarecimentos.  




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