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Estudo recruta mulheres com câncer de mama
Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
09/04/2006 | 08:00
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Cinco novos estudos voltados ao tratamento de câncer de mama e de sangue começaram a ser desenvolvidos pela FMABC (Faculdade de Medicina do ABC). Vão passar por seleção 50 pessoas que tenham interesse em participar gratuitamente das pesquisas, que terão coordenação do Cepho (Centro de Estudos e Pesquisas de Oncologia e Hematologia) da instituição de ensino superior.

Hélio Pinczowski, diretor executivo do Cepho, faz questão de frisar que não são tratamentos alternativos, mas procedimentos diferentes de administrar novas drogas ou as já disponíveis no mercado. "Os estudos clínicos são fundamentais, por isso é importante que as pessoas vejam esses estudos de forma diferente e não como exploração ou uso de cobaias."

Mulheres em menopausa com tumor na mama superior a dois centímetros, e que necessitam fazer quimioterapia antes da cirurgia, são o alvo de duas pesquisas. O tratamento para ambos os estudos tem duração de quatro meses e consiste na ingestão de um bloqueador hormonal para redução do tumor. Segundo Pinczowski, além de evitar a quimioterapia pré-cirúrgica, que é agressiva ao organismo e provoca efeitos colaterais, o estudo vai analisar a eficácia da droga. O primeiro grupo de mulheres tomará diariamente um comprimido do bloqueador, enquanto o outro receberá a droga via intravenosa uma vez por mês.

A terceira pesquisa de câncer de mama é voltada para mulheres que não tiveram sucesso com o tratamento convencional e já apresentam metástase (expansão da doença para outros órgãos). As candidatas devem ter feito apenas uma vez a quimioterapia com uso da droga Antraciclina e estar há pelo menos seis meses sem nenhum tratamento.

Serão utilizadas drogas já disponíveis no mercado, porém administradas de forma diferente. Pinczowski ressalta que ao ser selecionada para participar do estudo, a paciente assinará Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde estarão discriminados todos os detalhes do estudo.
 
Idosos - Os pesquisadores decidiram escolher pessoas com mais de 70 anos que nunca fizeram tratamento para os estudos da leucemia mielóide aguda. Esse é um tipo de câncer no sangue que consiste na multiplicação das células cancerígenas na medula óssea, provocando queda de hemoglobina e glóbulos brancos. Segundo o diretor executivo do Cepho, deu-se preferência às pessoas com mais de 70 anos porque são os que mais sofrem com a quimioterapia, único tratamento disponível para a doença nessa faixa etária, além de medicação.

A idéia é utilizar uma droga ainda não disponível no mercado, porém, com resultados preliminares satisfatórios. Pinczowski explica que o medicamento deverá ser usado pelo tempo necessário para permitir o controle da doença e manter a qualidade de vida do paciente.

A quinta pesquisa diz respeito à ingestão da droga Mabithera para pacientes com um tipo de câncer sangüíneo que atinge o sistema linfático. Para participar, o paciente não pode ter recebido tratamento anterior para a doença. Serão sorteados dois grupos que usarão o medicamento de maneira diferente. Um grupo deve ingerir a droga por dois meses, enquanto o outro fará tratamento por cinco anos, para verificar se o uso prolongado traz mais benefícios.

O diferencial dessa pesquisa é que, por se tratar de um tratamento muito caro - em torno de R$ 8 mil mensais em medicamentos -, o grupo destinado aos dois meses terá que providenciar o medicamento. Já os que terão de fazer o uso por cinco anos terão todo o tratamento gratuito.
 
Comitê - O diretor executivo do Cepho explica que os estudos antes de serem iniciados têm de obter aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da instituição e, em seguida, são submetidos à Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), em Brasília.

O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, e o Hospital Estadual de Diadema, no bairro Serraria, são referência para tratamento de câncer na região. O serviço é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Em Diadema, são feitas cirurgias para todo tipo de câncer, exceto bucomaxilar, mas não é oferecida a continuidade ao tratamento, quando preciso, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Já no Hospital Mário Covas, são realizadas cirurgias e tratamento.

Como participar - Interessados devem ter confirmado diagnóstico da doença. Será feita triagem inicial por telefone, e, depois, pessoalmente. Centro de Estudos e Pesquisas de Oncologia e Hematologia da FMABC - avenida Príncipe de Gales, 821, Santo André. De segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. Tel.: 4993-5491.




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