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Imprensa israelense: suspensão do cerco a Arafat é derrota
Da AFP
30/09/2002 | 08:25
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A imprensa israelense qualificou unanimemente de derrota, nas publicações desta segunda-feira, a operação do cerco a Yasser Arafat em Ramalah, que Israel suspendeu neste domingo após dez dias de prontidão. A pressão dos Estados Unidos resultou no fim da ação que exigia a rendição dos palestinos que resistiam no QG do líder palestino..

"Israel se retirou, os terroristas procurados fugiram", intitulou na primeira página o jornal popular Maariv, com uma grande foto do presidente palestino Yasser Arafat rindo e "saindo das ruínas de seu quartel general nos ombros de seus partidários".

"Sharon: não se podia dizer não ao nosso melhor amigo (Estados Unidos)", foi o título de Yediot Aharonot, com uma foto do presidente da Autoridade Palestina radiante e fazendo com os dedos o "V" da vitória.

Em um incisivo comentário, Ben Caspit, um dos grandes analistas de Maariv, que cobre a viagem do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon a Moscou, escreve: "Para Sharon, a viagem a Moscou veio a calhar. Num dia como este, tinha mesmo de partir para qualquer lado. O essencial era estar o mais longe possível da Mukataa" (o quartel general de Arafat).

"Sharon sofreu um fracasso colossal, o maior desde que assumiu o poder (em março de 2001) e, neste ponto, todos estão de acordo em todo o espectro político", disse um editorial de primeira página do Maariv.

"A operação punitiva, que havia começado com grande pompa, virou um desastre e os palestinos estão morrendo de rir. O que é mais grave, e mais perigoso, é que os inimigos de Israel poderão chegar à conclusão, levando em conta o fiasco de Ramalah, que atualmente Israel está com as mãos atadas e assim podem arriscar uma provocação", acrescenta.

O editorialista de Yediot Aharonot diz que "a lição para o futuro é que a chave de qualquer acordo no Oriente Médio está nas mãos do presidente Bush e de ninguém mais". Diz ainda que “se acontecer a guerra contra o Iraque e se Israel for atacado com armas não convencionais, o Governo terá de tomar decisões difíceis, incluindo a de responder com que armas. Pobres de nós se essas decisões forem adotadas da mesma maneira infeliz que a destruição da Mukataa".

O independente Haaretz comentou que "o caso da Mukataa demonstrou que os Estados Unidos apóiam Ariel Sharon com a condição de que este não esbarre nos interesses norte-americanos. E isto deve preocupar no futuro o primeiro-ministro".




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