Um estudo que será publicado na edição desta quinta-feira na revista Nature, revela que o deslizamento de geleiras na superfície do continente Antártico é mais variável do que se acreditava. O estudo também questiona as previsões de evolução do nível das mares causada pela desagregação das geleiras.

Os pesquisadores descobriram, depois de acompanharem por dois meses uma corrente formada a partir de geleiras, a Rutford, que sua velocidade na superfície oscila em 20% a cada duas semanas (13,66 dias), uma variação que seria influenciada pelo ciclo das marés.

Estas ‘correntes’ se formam a partir do derretimento das geleiras da Groenlândia ou da Antártica e correm em direção aos oceanos. Elas parecem ser as responsáveis pelas mudanças no nível dos mares.

As observações realizadas na corrente Rutford, que tem 52 mil km2, ou seja, uma superfície superior à da Holanda, e que está situada na parte ocidental do continente antártico, mostram que ela avança, em média, um metro por dia, uma velocidade que pode variar.

O principal autor do estudo, Hilmar Gudmundsson, do British Antarctic Survey, manifestou "sua completa surpresa ao descobrir que o ciclo das marés de águas-mortas (as de pequena amplitude, ou seja, quando é pequena a diferença de altura entre a maré alta e maré baixa) exercem influência sobre uma corrente glacial situada a dezenas de quilômetros de distância".

"O fato de a massa de gelo responder desta forma à influência das marés do oceano ilustra a sensibilidade da calota polar antártica às mudanças ambientais", destacou.

Os estudiosos de geleiras, segundo ele, "devem repensar a reação das massas de gelo às forças externas".