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Coronavírus vai mudar forma de fazer campanha nas ruas

Vereadores ouvidos pelo Diário já admitem que proliferação da doença deve impactar na maneira de pedir voto

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
23/03/2020 | 00:01
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Os vereadores do Grande ABC já admitem que a pandemia do novo coronavírus poderá impactar na maneira de se fazer campanha de rua nas eleições municipais deste ano, uma vez que há recomendação das autoridades de saúde para que as pessoas fiquem em casa, em espécie de ‘quarentena’, e que evitem aglomerações e qualquer tipo de interação social, como apertos de mão, beijos e abraços.

De acordo com parlamentares ouvidos pelo Diário, entre as dificuldades está a realização de eventos que contem com a participação de possíveis apoiadores e eleitores, a exemplo do que costuma justamente acontecer durante campanha por cadeira na Câmara. O vereador Ivan Silva (SD), de São Bernardo, reconheceu que não saberia como estabelecer, hoje, campanha em outros moldes, pois aventa a hipótese de que seus apoiadores possam não o receber em casa na ocasião e nem consiga efetivar simples caminhada para cumprimentar seus eleitores. “Como é que vou falar com as pessoas que gostaria de visitá-las em suas residências? Será que as pessoas gostariam de me receber sabendo da pandemia do novo coronavírus? Eu tenho quase certeza que não”, declarou o parlamentar. A Câmara de São Bernardo decidiu suspender os trabalhos legislativos por um mês logo após restringir o acesso do público às sessões. O projeto da mesa diretora é mais outra medida preventiva para barrar a concentração de pessoas e a propagação do vírus.

Vereador de São Caetano, o líder do governo Tite Campanella (Cidadania) alegou que a situação significa perder “a parte festiva” das campanhas, que, na visão do parlamentar, são as reuniões e confraternizações realizadas a convite dos candidatos durante a empreitada por voto. Contudo, na concepção de Tite, o político está sempre preparado para mudanças de conceito. “A classe política está sempre preparada para adaptações, para essas mudanças que vão ocorrendo de tempos em tempos. Seja no regulamento eleitoral, nas novas leis de prestação de contas. Desta vez, teremos que nos adaptar por uma situação mais importante, não vai ter jeito”, pontuou. “As questões das visitas ainda vão acontecer, de portão em portão”, avaliou.

Detentor de vaga na Câmara de Santo André, Eduardo Leite (PT) disse que o momento requer preocupação em como combater a proliferação da doença e que ainda é prematuro o debate sobre a eleição. “Ainda nem parei para pensar nisso. Estamos focados em encontrar meios de combater o avanço do novo coronavírus.”

As recomendações do Ministério da Saúde implicam na modificação de hábitos dos brasileiros em relação à etiqueta social. De acordo com dados registrados pela pasta, a prática frequente de higiene pessoal e a desinfecção de objetos e superfícies diminuem a chance de contaminação.

“Até mesmo a forma de cumprimentar o outro deve mudar, evitando abraços, apertos de mão e beijos no rosto. Essas são as maneiras mais importantes pelas quais as pessoas podem proteger a si e sua família de doenças respiratórias, incluindo o coronavírus”, diz a página do site do Ministério da Saúde.

Comum na política, abraços e apertos de mão são evitados
Hábito muito comum na política, abraços e apertos de mãos têm sido evitados por vereadores da região para afastar a proliferação do contágio do novo coronavírus. As orientações de autoridades da saúde no Brasil e no mundo todo é para que haja afastamento físico.

Na semana passada, já foi possível assistir a parlamentares encontrando outras formas para se cumprimentar, como com toque de cotovelos. Por outro lado, muitos descumpriram as recomendações de distanciamento e compartilharam, inclusive, o mesmo microfone nas tribunas durante as sessões.

Para diminuir a aglomeração de pessoas, as câmaras inicialmente decidiram manter a realização das sessões, mas sem a presença de populares, porém, diversos assessores dos parlamentares seguiram rondando os vereadores. Ao longo da semana passada, conforme os números de pessoas diagnosticadas com a doença foi aumentando, parte dos legislativos da região foi além e decidiu suspender a realização das plenárias pelo menos até o dia 30. Os trabalhos serão paralisados em Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires. A Câmara de São Caetano decidiu, por ora, manter as sessões, mas sem a presença de público. Já a de Rio Grande da Serra ainda avaliará se adotará a mesma medida. Boa parcela dos atuais parlamentares, inclusive, tem mais de 60 anos, idade considerada mais vulnerável à Covid-19.

No caso dos prefeitos, os comportamentos foram mudando ao longo da semana passada. Até o fim de semana, alguns deles ainda realizaram atividades externas cercados de assessores – houve até quem entrou em hospital. As atitudes foram mudando nos últimos dias e as reuniões presenciais foram sendo substituídas por transmissões de vídeo nas redes sociais.




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