O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu "desculpas" por ter pedido votos para a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), e disse que tentará ser "mais comedido" nas campanhas eleitorais municipais daqui para frente. Apesar do 'mea culpa', feito durante a entrevista coletiva para 13 comunicadores de rádio, nesta quinta-feira pela manhã, Lula disse que não entende o "nervosismo" dos adversários – leia-se, o PSDB – e afirmou que todos os governadores estão fazendo campanha.

"Não queria que fosse assim. Não queria que os governadores estivessem em campanha, mas estão", reagiu Lula.

O presidente deu a própria versão do polêmico episódio de sábado passado, durante a inauguração do prolongamento da avenida Radial Leste, quando pediu votos para Marta Suplicy diante de quase 3 mil pessoas. Lula disse que abordou a disputa eleitoral paulistana depois de ter lido seu discurso oficial para a ocasião, quando começou a "falar de improviso, tomado pela emoção."

Ele explicou que decidiu "improvisar" em favor de Marta Suplicy ao constatar que, em 19 meses de governo, investiu quase R$ 400 milhões em São Paulo, enquanto a gestão passada gastou R$ 590 milhões em sete anos – dados citados por Lula durante a entrevista. "São Paulo não é dos paulistas, São Paulo é do Brasil inteiro", justificou-se. "Qualquer investimento que se faça lá é bom."

"Peço desculpas se isso causou mal a alguém", emendou Lula, sem deixar de criticar a postura da oposição no caso. "Não entendo por que nossos adversários, que estão na campanha todo dia, ficaram tão nervosos." O presidente afirmou que os oposicionistas sempre quiseram a federalização das campanhas municipais, mas desistiram de atacar a política econômica do governo federal por causa dos bons resultados colhidos.

"Os números da economia fizeram com que eles fechassem a boca. Só falta pedir voto para mim em palanque. Só não o fazem porque eu não estou disputando a eleição", cutucou.

"Mas eu vou ser mais comedido daqui para frente. Afinal, eu defender meus candidatos durante a campanha não é um exemplo que pode ser bom para a justiça", prometeu o presidente, que na véspera determinou a publicação de uma carta em apoio ao deputado federal Vicentinho (PT-SP), candidato a prefeito de São Bernardo – cidade onde Lula vive e mora.