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Tentativa de resgate termina com um morto em Santo André
Por Nicolas Tamasauskas
e Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
28/08/2002 | 00:05
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Uma tentativa de resgate seguida de rebelião no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André durou cerca de quatro horas e terminou com um detento morto e outro baleado nesta terça à noite. Cinco agentes penitenciários ficaram reféns dos presos; um fugiu no início do motim, dois foram liberados em troca dos dois presos baleados e os dois últimos foram soltos por volta das 22h45, quando a juíza corregedora Milena Dias deu garantia de que a Tropa de Choque da Polícia Militar não entraria no presídio após a liberação dos reféns.

O CDP, que tem capacidade para abrigar 512 detentos, tinha nesta terça 935 presos no momento da tentativa de resgate. A suspeita é que os prováveis líderes da rebelião sejam os integrantes da quadrilha que torturou e matou o comerciante Jackson Wataru Kowati neste mês após sua família ter pago o resgate.

Por volta das 18h45 os policiais militares que fazem a guarda da cadeia foram surpreendidos com tiros vindos do lado de fora e de dentro do muro da parte traseira do CDP. De acordo com o tenente César Rossigneli, do 10º BPM, ao mesmo tempo que um grupo do lado de fora dava rajadas de metralhadora, detentos com pistolas atiravam de dentro. “Os presos estavam com escadas feitas de grades e terezas (cordas feitas com lençóis) prontas para usar na fuga”, disse.

A tentativa de resgate aconteceu justamente no momento em que há a troca dos policiais da muralha. Entretanto, todos ainda estavam em seus postos e trocaram tiros com os detentos. “Ficamos no meio do fogo cruzado. A nossa sorte foi que outros policiais chegaram para nos ajudar porque do lado de fora teve até tiro de fuzil que atingiu a muralha”, disse um dos policiais que fazia a guarda no momento do tiroteio.

Durante o tiroteio, os detentos tentaram fugir pela porta da frente e pegaram cinco agentes como reféns, mas encontraram outros policiais. Na troca de tiros, dois detentos foram baleados e um dos agentes conseguiu fugir. Com quatro agentes como reféns, os detentos cessaram fogo e negociaram com o diretor do CDP, Luís Dantas Cruz Júnior, a troca dos presos atingidos por dois agentes.

O detento Ânderson Santos Barbosa foi baleado na perna e outro detento, que morreu ao ser atingido com um tiro na cabeça (até a 0h desta quarta ele não havia sido identificado), foram trocados por dois reféns. Os agentes David Melo e Ismael Viana permaneceram como reféns até as 22h45, quando a rebelião terminou.

Segundo o delegado plantonista do 4º DP, que fica ao lado da delegacia, Roberto Von Haydn Júnior, a rebelião foi encerrada após a juíza corregedora dar “garantia de vida” para os detentos. Duas metralhadoras utilizadas na tentativa de resgate foram encontradas do lado de fora do CDP.




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