Setecidades Titulo Crise no ensino superior
Demitidos, professores da Metodista não foram pagos

Profissionais, alguns desligados ano passado, aguardam recebimento de verbas rescisórias

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
09/08/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Professores que foram demitidos do Colégio Metodista, instituição de ensino ligada à Universidade Metodista, de São Bernardo, reclamam que não receberam verbas rescisórias (salário, 13º e férias proporcionais). Há relatos de profissionais que aguardam desde o início do ano pelos pagamentos. Os depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não estavam sendo feitos corretamente desde 2015.

A pedagoga Fabiane Marcelo Pinto, 35 anos, foi desligada em fevereiro de 2019. Atuou como ADI (Auxiliar de Desenvolvimento Infantil) por cinco anos. Seu FGTS não era depositado desde 2015 e, quando foi demitida, retirou apenas o saldo parcial da conta. “Ainda tenho para receber pelo menos R$ 11 mil, fora os juros”, afirmou. 

Fabiane relatou que deu à luz em maio de 2018 e que, como a sua filha tem alergia a leite e ovo, passou a retirar em equipamentos públicos de saúde leite em pó especial, feito de soja. “Pedi para que me transferissem para o meio período, porque uma vez por mês apresentava atestados. Não quiseram e, assim que terminou o prazo de estabilidade, após a licença-maternidade, fui dispensada”, relembrou. “Desde que fui demitida, ligo todos os dias para saber se há previsão de pagamento, mas até agora não me deram qualquer estimativa”, reclamou.

A professora de português Renata Eduardo do Prado, 45, foi demitida em dezembro do ano passado, após trabalhar 18 anos e 11 meses na instituição. Até o momento também não recebeu as verbas rescisórias, além de ter atraso superior a três anos nos depósitos do FGTS em sua conta. Renata ingressou com ação trabalhista na Justiça e participou de audiência em 30 de julho, mas não foi feita proposta por parte do colégio. “É um desrespeito imenso, ainda mais quando lembramos que estamos falando de instituição educacional confessional”, pontuou. 

Outra professora, que não quis se identificar, já que aguarda nova audiência de conciliação para os próximos dias, explicou que a entrega da documentação para o seguro-desemprego e o saque parcial do FGTS tem sido usado como “prêmio de consolação” pela instituição. “Ainda consegui receber o salário do mês em que fui desligada, muitos nem isso receberam”, reclamou. 

O Sinpro-ABC (Sindicato dos Professores do Grande ABC) afirmou que os docentes que têm feito acordo por meio do sindicato têm conseguido receber seus direitos, mas não soube informar quantos profissionais foram desligados nem quantos fizeram acordo mediado pela instituição sindical. A Metodista não se manifestou até o fechamento desta edição.

Decisão sobre greve na universidade será segunda

Os professores da Universidade Metodista decidem, na próxima segunda-feira, se retomam a greve, que durou quase 30 dias entre abril e maio. A categoria está com o salário de julho atrasado e alguns ainda não receberam o pagamento de junho. Os docentes também reclamam que, apesar de terem firmado acordo junto ao TRT-2 (Tribunal Regional de Trabalho da 2ª Região) em maio, de que os pagamentos atrasados do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) seriam equacionados, nada foi feito. 

Representante dos professores relatou que os profissionais que estiveram mais envolvidos com a greve de abril acabaram tendo as aulas reduzidas e muitos se desligaram da instituição. “É uma forma de desmobilizar a nossa organização”, informou um deles. A assembleia está marcada para ocorrer às 14h, em frente ao campus Rudge Ramos.

Há pelo menos dois anos a Metodista, que tem três campi em São Bernardo, enfrenta período de crise, com demissão de professores, atrasos de salários e encerramento de programas.




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