Política Titulo Excesso de comissinados
TCE mira contas de 2016 da Câmara de Santo André

Ministério Público de Contas pede rejeição da contabilidade do último ano de gestão Ronaldo de Castro

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
17/07/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


O Ministério Público de Contas recomendou a rejeição da contabilidade de 2016 da Câmara de Santo André, último ano da gestão do vereador Ronaldo de Castro (PRB) à frente do Legislativo. A crítica principal recai sobre o número de comissionados, considerado excessivo pelo órgão de controle.

A avaliação das contas de Ronaldo de Castro estava na lista da segunda câmara da sessão de ontem no TCE. A análise, porém, foi retirada da pauta para retorno ao gabinete do conselheiro Renato Martins Costa, relator do processo.

Parecer assinado pelo procurador Celso Augusto Matuck Feres Junior contestou a existência de 308 apadrinhados para 21 vereadores, quantidade três vezes maior do que o volume de concursados: 116.

O procurador também questionou o fato de 96 cargos serem em comissão sem seguir os critérios constitucionais para livre nomeação. Segundo a Constituição Federal, pode-se abrir mão do concurso público para funções específicas de direção, chefia e assessoramento. Além disso, houve críticas pela ausência de exigência de escolaridade de nível superior para esses cargos.

“Tem-se, em verdade, desarrazoada desproporção entre cargos comissionados e efetivos, eis que a origem, no exercício de 2016, possuía em seu quadro previsão de 787 servidores em comissão e 121 efetivos, sendo ocupados, respectivamente, 308 de livre provimento e 116 nomeados por concurso público, correspondendo os cargos em comissão a 72,64% do total de vagas preenchidas”, disse Feres Junior, em seu parecer. “Essa impactante diferença não se coaduna com o asseverado pelo Supremo Tribunal Federal sobre a necessária observância à proporcionalidade entre o número de cargos efetivos e comissionados.”

Em sua defesa à Corte, a Câmara admitiu a necessidade de realizar readequação nos quadros, com redução no número de comissionados. Tanto que diminuiu de 13 para 11 a quantidade de assessores por gabinete à ocasião.

O considerado alto número de cargos de confiança tem gerado dor de cabeça a diversos dirigentes do Legislativo de Santo André. O próprio Ronaldo de Castro sofreu com esse apontamento durante avaliação das contas de 2015 de sua gestão na casa. O TCE considerou excessivo o volume de apadrinhados e votou pela irregularidade daquela contabilidade. O republicano recorreu, mas a Corte manteve seu parecer. Com isso, Ronaldo corre risco de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado por órgão colegiado.

O parlamentar não retornou aos contatos da equipe do Diário para comentar o assunto. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;