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Alaíde quebra ordem para pagar empresas alvos da Trato Feito

Prefeita de Mauá fura fila de pagamentos para quitar débitos com Geométrica e a Davi Caminhões, ambas acusadas de pagar propina

Por Júnior Carvalho
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
20/05/2019 | 07:00
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Denis Maciel


O governo da prefeita de Mauá, Alaíde Damo (MDB), quebrou ordem cronológica de pagamentos a fornecedores do Paço, nas duas últimas semanas, para garantir que duas firmas acusadas pela PF (Polícia Federal) de pagamento de propinas, no âmbito da Operação Trato Feito, recebessem.

Ao todo, a gestão da emedebista pagou R$ 1,68 milhão às firmas Geométrica Engenharia de Projetos e a Davi Caminhões. A primeira, contratada para realização de projetos de obras do município, teve aval para receber R$ 700,6 mil. Na justificativa publicada pelo Paço no Diário Oficial consta explicação pouco objetiva: “Pagamento mediante carta de desconto de 20% sobre a nota fiscal número 604”. Já a segunda teve permissão para receber R$ 984 mil, divididos em dois empenhos (R$ 78,7 mil e 905,2 mil).

Tanto a Geométrica, quanto a Davi Caminhões constam em relatório da Trato Feito, em que a PF acusa as firmas de pagamentos de propinas a agentes públicos, inclusive vereadores. Dos 23 parlamentares, 21 deles, além de um suplente, foram acusados de receber Mensalinho do governo do hoje prefeito cassado Atila Jacomussi (PSB) em troca de apoio político. No caso da Geométrica, a PF sustentou que 20% do valor do contrato com a empresa “eram destinados ao pagamento de determinados vereadores”. Todos negam as acusações. A PF também cita que “há indícios” de que a empresa contratava pessoas indicadas por Atila, demonstrando com “capilaridade de sua influência e possível troca de favores”.

Já a Davi Caminhões, contratada para fornecer caminhões à administração para a prestação de serviços de limpeza de vias públicas, é citada na operação como uma das empresas acusadas de pagar mesada a Atila. Não é a primeira vez que o Paço mauaense quebra ordem cronológica de pagamentos para quitar dívidas com a empresa. O Diário mostrou em março que, logo após retornar ao cargo – ficou preso e afastado da cadeira entre dezembro do ano passado e fevereiro –, Atila também adotou a mesma decisão. Na ocasião, garantiu o pagamento de cinco notas fiscais, que totalizaram R$1,1 milhão. O dono da empresa é Davi Alves de Oliveira.

Na justificativa incluída no documento do governo Alaíde, assinado pelo secretário de Finanças, Valtermir Pereira, consta que a ação visa “evitar descontinuidade na prestação de serviços de locação de caminhões para limpeza em vias públicas”.

QUEDA DE BRAÇO

Adotada tanto por Alaíde quanto por Atila, a quebra de ordem cronológica de pagamento de fornecedores e prestadores de serviços da Prefeitura virou alvo de ataques entre os dois grupos, que acusam um ao outro de beneficiar empresas. Em sua primeira passagem interina, em junho de 2018, Alaíde utilizou da mesma prática para garantir pagamento de R$ 750 mil à firma do próprio sobrinho, a Lara Central de Tratamento de Resíduos Ltda, responsável pela coleta de lixo na cidade, cujo dono é Wagner Damo, seu sobrinho.

O governo Alaíde não se manifestou sobre o caso. 




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