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Almoço de Natal reúne 5.000 pessoas no Pq.São Bernardo

Ação social encabeçada pela família Lemes há 20 anos contou com a ajuda de 150 voluntários

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
26/12/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Alegria. Essa é a palavra capaz de descrever o sentimento proporcionado há 20 anos pela família Lemes à comunidade de São Bernardo todo Natal. O tradicional almoço comunitário, realizado ontem na Emeb (Escola Municipal de Ensino Básico) Professora Maria Therezinha Bessana, no Parque São Bernardo, contou com a participação de 5.000 pessoas.

Como de costume, entre 12h e 20h, 43 integrantes da família Lemes, incluindo a matriarca e criadora da ação social, Maria Aparecida do Rosário Lemes, 91 anos, a dona Cotinha, comandaram a festa da solidariedade. Para produzir e servir o almoço, e com isso, deixar a verdadeira mensagem de Natal – o amor ao próximo –, o grupo contou com a ajuda de 150 voluntários. Neste ano, mais de 2.000 pessoas doaram mantimentos e brinquedos para a comemoração.

O cardápio, com arroz, feijão, macarrão à bolonhesa, farofa, salada, frango e carne, agradou. Assim como arroz-doce, melancia e panetone, servidos de sobremesa, além do refrigerante. O marco do evento, entretanto, ficou por conta do tradicional bolo recheado – com 100 quilos –, que, ao ser trazido para o pátio do colégio, gerou aplausos.

Moradores de rua, José Carlos da Silva Nascimento, 56, e a irmã Isabel da Silva Nascimento, 60, chamam Ditinho da Congada, o Benedito da Silva Lemes, 66, filho mais velho de dona Cotinha, de ‘pai’. Para os dois, a ação da família simboliza que “ainda há pessoas boas no mundo”. “Moro na rua, mas me sinto parte dessa família. São anjos na minha vida”, afirmou Nascimento. Já Alice não tem dúvidas de que a família Lemes “é coisa rara”.

A auxiliar de limpeza Eliana Rodrigues Serafim, 46, relembra que, quando foi ao primeiro almoço de Natal promovido pelos Lemes, há 14 anos, estava desempregada e não tinha o que dar de comer aos seis filhos. Hoje, já com três netos, a situação financeira da família melhorou, mas a gratidão faz com que todos os anos comemorem o Natal no almoço comunitário. “A ação é muito importante. Tem gente que não tem o que pôr na mesa no Natal. Ter esse almoço faz com que a esperança renasça em muitas pessoas.”

A responsável pela ação social, dona Cotinha, fica sentada perto do local onde é servida a comida supervisionando cada detalhe. Com sorriso largo no rosto, ela afirma que o almoço comunitário de Natal é a sua felicidade. Em diversos momentos do dia, Ditinho da Congada precisou enxugar as lágrimas. Segundo ele, a emoção é causada pelas lembranças da adolescência, período em que a família Lemes passava por dificuldades financeiras e, no dia de Natal, não tinha o que comer. Enquanto o garoto de 14 anos, na época, chorava de revolta, os pais reforçavam lições de resiliência. “Meu pai (morto há 12 anos) dizia que a gente deveria continuar orando, pois um dia teríamos tanta comida que poderíamos dividir.”. “Não tem palavras que descrevam o tamanho da gratidão que é olhar este espaço cheio de pessoas sendo alimentadas”, ressalta Ditinho.

CRIANÇAS
A garotada que compareceu à Emeb ontem pôde se divertir com brinquedos infláveis e pintura facial, além de comer pipoca e algodão-doce. O momento mais esperado, no fim do dia, foi quando puderam escolher presentes espalhados em duas salas de aula (uma com itens para meninas e outra para meninos).

A pequena Alice Cristina da Silva Souza, 3, demorou para se acostumar com a sensação de ter em mãos sacola cheia de brinquedos e doces, escolhidos por ela. A mãe, Katia Silva de Souza, 35, diz que ver os filhos – além de Alice, Gabrielle, 10, e Miguel, 10 meses, – tendo oportunidade de lazer e refeição é sua satisfação. “Eles estão felizes. Não teria condições de proporcionar a eles um dia como este. É lindo de ver.” 




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