Cultura & Lazer Titulo Música
Energia que pulsa

Prestes a comemorar quatro décadas de estrada, Elba Ramalho lança o 38º disco

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
26/12/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


Para Elba Ramalho parece que o tempo nem passou. Hoje, depois de sua estreia, com o disco Ave de Prata, em 1979, com temas de Chico Buarque, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, por exemplo, ela segue operante e com energia para dar e vender.

Tanto que, para comemorar 40 anos de estrada, apresenta seu 38º disco, Ouro do Pó da Estrada (Deck), que ganha vida ilustrado por 13 canções capazes de fazer o ouvinte querer dançar logo no começo de Calcanhar, faixa que abre o trabalho com guitarra, acordeon, pegada manguebeat e versos como ‘Eu vou seguir você, até doer o calcanhar’.

Ao Diário, Elba diz não saber de onde vem tanta energia. “Não sei se existe uma receita, mas eu realmente não quero me acomodar. Não vou gravar por gravar, não canto só por cantar. Concordo que o disco tem uma energia boa, é realmente vibrante e muito coerente.”

Ouro do Pó da Estrada é resultado de aproximadamente um ano de trabalho muito cuidadoso e muita responsabilidade, segundo a cantora. Elba diz que a escolha do repertório se deu de forma muito natural. “É uma responsabilidade muito grande escolher entre uma ou outra canção. Tem que bater no meu coração”, afirma. Elba diz que o ponto de partida para começar a trabalhar o álbum foi a necessidade de fazer algo significativo para marcar seus 40 anos de carreira. “A vontade de fazer um disco do jeito que eu queria fazer, sem nenhuma interferência de mercado ou de gravadora”, explica.

Ao ser perguntada sobre o que esse disco traz de diferente dos anteriores, Elba é direta: “A maturidade, o canto mais sereno e total liberdade artística”. E a prova é fácil de ser concluída.

Na nova obra ela não se prende a limites e promove mistura de linguagens sonoras. Tanto que há frevo, temperos psicodélicos e rock. E, é claro, referências do sertão nordestino não ficam de fora. “Meu DNA é nordestino. Posso gravar amanhã um disco de reggae e todos saberão que é um disco de Elba Ramalho. Tenho este conceito muito bem fundamentado, quanto mais regional, mais universal. Nasci no sertão, a música que eu faço é nordestina. Tudo o que eu faço traz a minha herança comigo”, explica.

Da mesma forma que o disco ‘pega fogo’, é dono também de momentos de calma, como em Na Areia, por exemplo, faixa que é assinada por Juliano Holanda. Nessa música ela conta com a participação de Marcelo Jeneci nas cordas e acordeon.

As contribuições não param por aí. O pernambucano Lula Queiroga assina a canção O Girassol da Caverna, tema em que Elba divide os versos com Ney Matogrosso. “Eu gosto de dividir o palco, gosto de me desafiar, gosto de interagir com outros colegas. Ney é um dos maiores intérpretes da história da nossa MPB, e no momento que ouvi a música, eu sabia que ele seria perfeito para dividir a faixa comigo”, diz Elba. Ela revela que o grupo de teatro A Barca dos Corações Partidos participa de duas faixas. “Em O Mundo eu queria linguagens diferentes, então chamei as amigas Roberta Sá, Maria Gadú e Lucy Alves. Fez todo o sentido e o resultado é lindo”, diz.

O título é ilustrado ainda com algumas releituras, escolhidas carinhosamente pela cantora. Entre elas estão Girassol, sucesso do grupo Cidade Negra, e Se Tudo Pode Acontecer, conhecida na voz de Arnaldo Antunes. “(As releituras) Representam o meu olhar sobre aquela música. Não acredito em registros definitivos, uma mesma música pode ter diversas leituras. Uma poesia que não me tocava há dez anos, pode fazer todo sentido para mim, agora. Então, agora, é a hora de cantar aquela canção”, encerra.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;