O Ministério Público de São Paulo, por meio Promotoria de Justiça de Santo André, investiga indícios de suposto golpe aplicado pela seguradora Tokio Marine, junto a empresas do ramo de leilão, para comercialização de veículos totalmente destruídos, por meio de documentações adulteradas.

Segundo a Promotoria, denúncia apresentada pelo Sindicato da Indústria de Funilaria e Pintura do Estado de São Paulo aponta esquema em que veículos irrecuperáveis – quando os reparos ultrapassam 75% do valor de mercado –, seriam vendidos como se tivessem sofrido apenas danos pequenos, para que terceiros pudessem utilizar sua documentação e chassi em outros carros, a fim de torná-los novamente legais.

Na prática, o mecanismo poderia estar fomentado crimes de roubo e furto de veículos já que esses automóveis são adquiridos, conforme a denunciante, por quadrilhas organizadas que se utilizam dos documentos regulares para poder revender produtos ilícitos. Tal sistema estaria fazendo com que motoristas proprietários de veículos com perda total fossem responsabilizados por crimes.

Para executar essas ações, o esquema contava com a participação dos chamados peritos, profissionais contratados que vão até as oficinas para precederem a avaliação dos danos do veículo sinistrado. Na denúncia, consta que esse agentes seriam “obrigados a preencherem o relatório de forma irregular, sob ameaça de perderem seus empregos”.

Sob cuidados do promotor Marcelo Santos Nunes, da Promotoria de Santo André, o inquérito civil segue em andamento, atualmente, em fase de prestação de depoimento dos envolvidos.

Em 2014, a Tokio Marine, assim como outras seguradoras, foi alvo de investigação da Polícia Civil por venda de mercadoria irregulares. Na ocasião, o processo teve início após agentes detectarem um leilão com pelo menos 15 veículos comercializados em desacordo com as normas legais. O inquérito acabou sendo arquivado por falta de elementos que comprovassem o delito.

Tokio Marine afirma que as acusações são infundadas
Procurada pelo Diário, a seguradora Tokio Marine afirmou, por meio de nota, que “não foi notificada da existência do inquérito citado (pela reportagem) e, além disso, não comenta processos em andamento nas esferas policial, judicial e do Ministério Público”.

No entanto, nos autos do inquérito do órgão, a empresa diz que as acusações do Sindicato da Indústria de Funilaria e Pintura do Estado de São Paulo são “infundadas”, por não serem baseadas “em qualquer prova fática que respalde, mesmo de forma mínima as suas alegações”.

Por fim, a empresa Tokio Marine cita que os dois veículos citados no inquérito pela denunciante não tinham quaisquer “incrongruência” nos seus respectivos relatórios de avarias para classificação de danos causados por acidentes.