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Aidan sugere acareação no caso da mala
Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
10/09/2011 | 07:18
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Ricardo Trida/DGABC


O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), sugeriu ontem que o Ministério Público realize acareação para analisar quem fala a verdade sobre o caso do roubo da mala no prédio da Secretaria de Obras e Serviços Públicos. Após depoimento do proprietário da construtora São José, Alberto Jorge Filho, deixar evidente contradição com a declaração do titular da Pasta, Alberto Casalinho, o petebista revelou que não consegue compreender a razão da falta de sincronismo.

Segundo o prefeito, os dois terão que afinar o discurso com a Promotoria para esclarecer a situação. “Não consigo entender o porquê de estarem falando duas línguas”, admitiu. Enquanto o empresário disse ao MP que mantém contato assíduo e conversou com o secretário “centenas de vezes”, Casalinho argumentou que em única oportunidade se reuniu com Jorge Filho – há cerca de três ou quatro meses – para tratar a questão do empreendimento comercial e residencial na Avenida Industrial, 780 – e recebeu uma ligação no celular no dia do roubo.

Questionado se o episódio e as mudanças de versão do secretário estão desgastando o governo, Aidan salientou que o eventual dano à administração apenas se dará caso seja constatado que Casalinho não contou a verdade sobre o que sabe do crime. “A partir do momento que ficar provado que é mentira, sim (desgasta).” O prefeito disse que não pode apontar culpados para o caso. “Não posso falar em mentira. Casalinho vai ter de depor, sentar com o promotor, fazer contraprova. Se tiverem dúvida, coloca um frente ao outro.”

Aidan lembrou, porém, que quem deve falar em acareação é o próprio MP, só assim se esclareceria dúvida. “O que um falou não é o que o outro falou. Se (o promotor) tiver dúvida, faz acareação, ele é soberano para isso. Não dá para falar se esse ou aquele está mentindo, só acompanhando.”

No depoimento, Jorge Filho ressaltou que o diálogo com Casalinho na secretaria era no sentido de negociar redução da contrapartida “exagerada” requerida pela Prefeitura e tentar desembaraçar o empreendimento na cidade.

Segundo o construtor, a estimativa da contrapartida fica em torno de R$ 1,5 milhão por quilômetro. Isso significa que diante da obra com 1,5 quilômetro custaria R$ 2,250 milhões. O empresário avaliou ser oneroso o gasto tendo em vista que a obra possui de 50 a 100 metros de frente.

O construtor foi assaltado dentro do estacionamento Multipark, dia 13 de junho, nas dependências do prédio da Sosp. Segundo ele, carregava na mala não mais do que R$ 3.000 – para despesas pessoais –, e um notebook com fotos para defesa administrativa e evitar autuação do Paço.

O chefe do Executivo enfatizou que não seria correto afastar o secretário sem existir algo concreto que o desabone. “Não posso crucificar uma pessoa enquanto a situação não está clara. Quando estiver vamos sentar e resolver.” Correntes internas do Paço afirmam, nos bastidores, que hoje Casalinho não possui a defesa necessária de integrantes do governo, inclusive do primeiro escalão.

Casalinho comentou que só vai se pronunciar sobre as contradições depois que receber oficialmente a cópia do depoimento do empresário.

 

Para Grana, nenhuma sigla está com Aidan

 

O pré-candidato à Prefeitura de Santo André pelo PT, deputado estadual Carlos Grana, afirmou que não há nenhum partido 100% firmado na aliança de reeleição do prefeito Aidan Ravin (PTB) para 2012. O petista salientou que mantém articulação com legendas nos três âmbitos e não sentiu que as negociações estão de portas fechadas. Existem quatro siglas que sinalizam abertamente a chance de apoio o petebista: DEM, PMDB, PSL e PTdoB.

Grana garantiu que, em casos específicos, constituiu pessoalmente conversa com dirigentes das siglas para compor no projeto político do PT. “Nenhum dos partidos da base de sustentação, com exceção do PTB, tem compromisso eleitoral fechado com atual prefeito. Está tudo aberto.” O argumento para atrair os eventuais dissidentes teria como referência a parceria efetivada pelo PT em 2008. que elegeu 12 dos 21 vereadores.

O petista salientou que o partido não é avaliado apenas na conjuntura municipal. “Há muito espaço para conversa.” O PMDB é uma das legendas citadas pelo deputado. “Os presidentes estadual (Edinho Silva) e nacional do PT (Rui Falcão) têm conversado com o (dirigente nacional licenciado) Michel Temer.” Outra movimentação cotada é para angariar apoio do PSB, que, assim como PMDB, é um dos principais aliados do governo Dilma Rousseff.

Por outro lado, Aidan sustentou que a parceria com PMDB está estável. O petebista lembrou que os dois vereadores da bancada – Sargento Juliano e José de Araújo – conquistaram apoio do governo para chegar à presidência da Câmara. “Temos ligação muito grande. Somos um grupo.”

Para o prefeito, outro sinal da adesão se deu com o trabalho na campanha eleitoral de 2010. “Nos envolvermos diretamente ajudando o vice-presidente (Temer) em todos os estados, não só em São Paulo.”

O prefeito salientou que não precisa provar que é parceiro nessa altura do processo. “O PT está no direito, mas terá dificuldade (com o PMDB), pois já foram parceiros no passado e sabem como foram tratados.”

Sobre o PV e PSB, por sua vez, Aidan defendeu que tem honrado os compromissos. “Estamos fazendo planos em conjunto. Nas linhas municipal e estadual, conversamos bem.” FM




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