Estudo realizado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), apresentado ontem, indica que o Grande ABC tem capacidade para abrigar um aeroporto. A construção seria uma alternativa para aliviar a capacidade de Congonhas e Guarulhos, que estão no limite, e garantir a fluidez da demanda de voos regulares, que avançou mais de 100% no período de 10 anos – entre 2005 e 2015.

O gestor do curso de Ciências Aeronáuticas da USCS, professor Volney Gouveia, é o responsável pelo levantamento e pontuou que a construção de um aeroporto fomentaria toda a cadeia produtiva da indústria da defesa regional. “Estamos aproveitando o contexto de aquisição de novos caças pela FAB (Força Aérea Brasileira), a vinda da Saab para São Bernardo (a SAM, Saab Aeronáutica Montagens, que deve produzir seis segmentos para aviões-caça na cidade) e o próprio curso de Ciências Aeronáuticas da USCS. A proposta do aeroporto corre junto a esta agenda de adensamento da cadeia produtiva”, pontuou.

No conceito de cidade aeroportuária para operações de voos regulares, o potencial chegaria a geração de 10 mil novos empregos. Segundo o levantamento, o local deveria ter o mesmo porte de Congonhas, com potencial para 20 milhões de passageiros e 40 mil toneladas de carga por ano.

O documento faz comparativo entre a Região Metropolitana de São Paulo e a Grande Londres, capital da Inglaterra. A cidade inglesa tem número de habitantes 40% menor que a da região metropolitana e conta com seis aeroportos. Ou seja, o atraso na construção de novos campos para aviação em São Paulo prejudica a estrutura aeroportuária existente (veja abaixo mapa com a distribuição hipotética de aeroportos).

Segundo Gouveia, há necessidade de que os gestores públicos voltem a discutir a agenda, considerada “importante para o desenvolvimento do Estado e da aviação brasileira”.

HISTÓRICO

A construção de um aeroporto já foi pauta na região, fomentada pelo ex-prefeito de São Bernardo e atual candidato ao governo do Estado pelo PT, Luiz Marinho. Em 2013, o petista chegou a escolher área para a construção do espaço, no entrocamento da Rodovia dos Imigrantes com o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas e protocolou o plano junto ao projeto executivo encaminhado ao governo federal.

A proposta, contudo, não saiu do papel. O intuito era de que o local ficasse entre duas das principais vias do País, com ligação do Porto de Santos com o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Então ministra de Planejamento, Miriam Belchior (PT), citou que o projeto de construção do aeroporto de carga e executivo na cidade era prioridade. Já em 2014 o ex-ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (atual titular da Pasta de Minas e Energia), Moreira Franco, afirmou que não existia projeto para a construção. A ideia, portanto, não teve andamento efetivo.