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Casos de abuso não são exclusivos da ginástica, afirma psicóloga

Especialista, Katia Rubio diz que prática era comum no passado e sugere: atletas precisam ser ouvidos

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
04/05/2018 | 07:00
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Os abusos sexuais relatados por ginastas nos últimos dias foram estarrecedores e causaram comoção. Mas, segundo uma das precursoras na psicologia esportiva Katia Rubio, este problema está longe de ser exclusivo da ginástica artística masculina. Segundo a especialista, a prática está presente também em outras modalidades.

“Essa questão não é prerrogativa só da ginástica. O abuso, a autoridade excessiva, o bullying são comuns a práticas pouco pedagógicas, pouco educativas do esporte, que se naturalizou como parte dos rituais de pertencimento aos grupos. Vejo a importância neste momento de se desnaturalizar essa violência e isso ser tomado como abuso”, comentou Katia Rubio.

A psicóloga alerta para as queixas dos esportistas, que, muitas vezes, são minimizadas. “Os atletas começam a ser ouvidos depois de muito tempo de silêncio. Os casos de abusos não são novos, o que é novidade é a preocupação dos dirigentes em relação a isso. Esses fatos mostram que é preciso ficar atento às denúncias, às reclamações dos atletas. Acabou o tempo em que a violência era tratada como piada”, disse.

Katia alerta para mudança de comportamento entre as gerações. “Isso (abuso) pode parecer natural para quem foi educado na prática esportiva anos atrás, no século passado. Essa herança autoritária não faz mais parte da formação do esporte”, apontou a psicóloga, que espera que outros casos se tornem públicos. “Por que ninguém fala das meninas na ginástica? Só dos homens. Que busquem o que acontece na ginástica feminina também, que se abram as caixas”, sugeriu.

Uma das formas de perceber quando alguém está sendo abusado é a mudança de comportamento. “O silêncio denuncia que algo vai mal. Principalmente pessoas que são extrovertidas e, de repente, há um distanciamento. Esse é sinal importante de que algo não vai bem. Toda pessoa vítima de violência precisa de cuidados redobrados”, finaliza.

Conselho Tutelar pede que MP afaste técnico de trabalho com crianças

O Conselho Tutelar de São Bernardo pediu ao Ministério Público que o técnico de ginástica Fernando de Carvalho Lopes seja afastado das atividades com crianças ou adolescentes até o fim da investigação que corre contra ele na Delegacia da Mulher do município.

A atitude foi motivada após ter tornado pública a informação de que ele continuava trabalhando no Mesc (Movimento da Expansão Social Católica), mesmo durante as investigações. Ele foi definitivamente afastado na segunda-feira.

Ex-técnico da Seleção, Fernando é acusado de cometer abusos sexuais durantes treinos, testes físicos e viagens. A delegada Teresa Alves de Mesquita Gurian, que conduz o caso, disse que vai ouvir mais algumas pessoas antes de indiciar o treinador.  




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