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S.Caetano recebe peça de Plínio Marcos
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
22/03/2006 | 08:38
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Um bandido, um alcoólatra, uma prostituta. Acuados na casa de um deles, vivem uma situação dramática. A polícia está à espreita do criminoso, e ele sabe que assim que chegarem, e a porta for aberta, minguarão suas chances de escapar com vida. É este o ambiente em que se desenrola a trama de Oração Para um Pé-de-Chinelo, de Plínio Marcos, que tem apresentação única nesta quinta-feira, às 20h, no Sesc São Caetano. A sessão faz parte do projeto Teatro 3x4 e será seguida de um bate-papo com os atores e com o diretor Alexandre Reinecke, que falarão sobre o processo de criação do espetáculo. Eles vêm direto do Festival de Curitiba, onde se apresentariam terça-feira.

Essas três figuras marginais da sociedade se encontram quando o bandido Bereco, vivido por Marat Descartes, invade a casa do alcagüete Rato (Norival Rizzo), que está com a prostituta Dilma (Denise Weinberg), mulher que conhecera no dia anterior, em um boteco. Bereco está desesperado, pois a polícia o procura e deve chegar a qualquer momento. E é preciso encontrar rapidamente uma solução.

À medida que o tempo passa e a saída não é encontrada, a tensão aumenta. Cresce de tal forma que beira o insuportável. Em vários momentos, dois dos personagens se unem para atacar e constranger o terceiro, mas essas posições também mudam. Os diálogos são tensos, crus e, muitas vezes, carregados de ironia.

Reinam o medo, o desespero e a desconfiança. Bereco acredita que a única forma de se safar é se aproveitar do vínculo que Rato tem com a polícia como assíduo delator. Só que Rato e Dilma querem sumir dali. Todos estão encurralados. No meio e toda a confusão, surge até uma crise de abstenção de Rato.

Os três na verdade têm muito a dizer sobre a condição do oprimido. O discurso é contundente, mas não didático. Oração para Um Pé-de-Chinelo expõe as feridas da sociedade ao desnudar o sistema que animaliza as pessoas e as conduz ao mundo da criminalidade. E quase sempre, o destino delas já é traçado de antemão.

Oração para Um Pé-de-Chinelo foi escrita em 1969, época em que o impiedoso Esquadrão da Morte estava em ação. A Bereco não restava chances de escapar vivo, como ainda hoje acontece com tantos outros "Berecos", embora aquele esquadrão já não exista. É, portanto, um texto absolutamente atual e, embora não goze do mesmo prestígio de outras peças do autor – como Navalha na Carne e Dois Perdidos Numa Noite Suja – esta montagem de Alexandre Reinecke foi bastante elogiada pela crítica. Por sua atuação nesse espetáculo, a atriz Denise Weinberg levou o prêmio de melhor atriz em 2005 pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

Oração Para um Pé-de-Chinelo – Teatro. Texto de Plínio Marcos. Direção de Alexandre Reinecke. Com Marat Descartes, Denise Weinberg e Norival Rizzo. Drama. Nesta quinta-feira, às 20h. No Sesc São Caetano – r. Piauí, 554. Tel.: 4223-8800. Ingr.: 10 (para não matriculados), R$ 7,50 (para usuários matriculados), R$ 5 (para estudantes e idosos) e R$ 4 (para comerciários).




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