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Caixão de ex-rei Momo racha no velório
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
14/10/2005 | 08:27
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O caixão inadequado utilizado no enterro do ex-rei Momo Murilo Ivo de Jesus, 39 anos, não resistiu aos cerca de 500 Kg do corpo inchado e rachou na preparação do velório, que ocorreu das 22h de quarta-feira às 10h de quinta-feira, no cemitério Santo André, na Vila Humaitá, em Santo André. A solução encontrada pela família foi amarrar o caixão fechado com arames e cobri-los com fita crepe, para evitar que as fendas aumentassem no decorrer das horas. No momento de colocar Murilo na vala, foram necessárias 20 pessoas para sustentar o caixão. Ele, que no último dia de sua vida pesava 450 Kg, foi enterrado às 10h de quinta-feira e ocupou um jazigo que normalmente comportaria seis corpos.

O caixão teve de ser trazido de Sorocaba, no interior do Estado. A encomenda atendia às maiores medidas existentes para uma urna: 2,4 m por 1,60 m, com 1 m de profundidade. Insuficiente para as dimensões do corpo do ex-rei Momo, que tinha 2,10 m de altura, 1,60 m de diâmetro e 1,40 m de perfil. Por isso, o defunto teve de ser apertado dentro do caixão, com os braços erguidos e o corpo levemente de lado.

O sepultamento de Murilo pôs fim à agonia da família, que passou cerca de 48 horas tentando providenciar velório e enterro digno ao parente. A novela começou às 6h de terça-feira, quando o ex-rei Momo amanheceu morto na cama de casa, na rua Macuco, no Jardim Alvorada (perto do Jardim do Estádio), em Santo André.

Foi a mulher de Murilo, Irani Couto, a primeira a perceber o falecimento do marido. "Achava que ele estava dormindo. Mas pus a mão nele e me assustei com o corpo gelado", disse a Irani. Murilo foi rei-Momo de Santo André por cinco anos consecutivos, de 1987 a 1991. Em 1990, com 24 anos, ele pesava 220 Kg. Em entrevista ao Diário em 1989, ele revelou que adorava "refrigerantes, tortas doces e, principalmente, uma massa, como nhoque".

Após notificada a morte, a família do ex-rei Momo Murilo teve problemas para removê-lo. Os parentes pediram ajuda ao serviço funerário de Santo André e à polícia, mas a ação foi lenta. A Prefeitura Santo André declarou quinta-feira que os parentes agiram de maneira errada, por não ter chamado a polícia primeiro, e depois dificultaram a ação do serviço municipal. A família, que nega essa versão, procurou alternativas até que por volta das 20h de terça removeu a porta e abriu um buraco na parede da casa para retirar Murilo.

  O corpo foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) por um carro da funerária da Prefeitura, espremido em um caixão de uma funerária particular. No IML, não coube na geladeira de conservação e na mesa de necropsia. Ficou depositado no corredor do prédio. Antes de retirar o corpo, a família teve de encontrar um caixão de quebra-galho e adaptar o jazigo.

Coincidentemente, Murilo morreu na semana que poderia mudar sua vida. Na semana passada, um parente tentou marcar para ele cirurgia de redução de estômago pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A Faculdade de Medicina do ABC, que executa o programa do SUS, informou quinta-feira que considerou o caso extremo e que havia marcado a consulta para as 7h de sexta-feira.

Enterro – Cerca de 50 pessoas foram na manhã de quinta-feira ao enterro do ex-rei Momo, que ultimamente trabalhava como motorista autônomo. A cerimônia teve um culto fechado de candomblé, a religião da família. Ao pé do caixão havia uma oferenda com canjica e acaçá (angu) para celebrar a "passagem espiritual". "O Murilo se iniciou no candomblé há 26 anos e era um sacerdote", afirmou o pai-de-santo da família, Roumbono Megitó Pai Danci.

Recorde – O Guiness Book, o livro dos recordes, refere-se ao norte-americano John Brower Minnoch (1941-83), de Seattle, como o homem mais pesado de que se tem conhecimento. Ele chegou ao auge em 1978, com 635 Kg. (Colaborou Valéria Cabrera)




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