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Fernando Sabino é enterrado no Rio de Janeiro
12/10/2004 | 18:05
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O corpo do escritor Fernando Sabino foi enterrado às 11h20 desta terça, no Cemitério São João Batista, no Rio. Uma banda de jazz, formada por amigos de longa data, acompanhou o cortejo tocando músicas típicas de funeral de New Orleans. O sepultamento ocorreu sob aplausos e gritos de “Viva Fernando”.

Durante a madrugada, cerca de 300 pessoas acompanharam o velório do escritor, que morreu segunda à tarde, aos 80 anos, vítima de câncer. O escritor completaria 81 anos nesta terça.

Amigos, parentes, escritores, jornalistas, políticos, poetas e atores estiveram no cemitério. Para a poeta Marina Colassanti a morte de Sabino encerra um ciclo na literatura nacional. “Fernando é um escritor involucrado em um grupo, em um movimento bastante específico. De alguma maneira damos por encerrado o ciclo dos grandes mineiros. O que não significa que não venham outros. Mas serão outros”, disse.

O poeta Ferreira Gullar referiu-se à obra de Sabino como uma “literatura saudável”. “Ele tinha uma literatura saudável escrita com muito prazer para ser lida com muito prazer. É um dos escritores contemporâneos mais próximos do grande público”, afirmou.

Bernardo Sabino, um dos seis filhos do escritor Fernando Sabino, disse no velório que a família firmou compromisso com ele de não publicar nenhuma obra inédita após sua morte. “O que não foi publicado era porque ele achava que não merecia e nós vamos respeitar esse desejo”, disse. Bernardo disse não saber se há obras ainda inéditas, mas acredita que isso seja possível. “Seu último livro, Os Movimentos Simulados, foi lançado depois que ele o encontrou em um baú que seria jogado fora”, lembrou.

O Palácio do Planalto divulgou uma nota, por volta das 21h desta segunda, dizendo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamenta a morte do escritor. “Foi com grande pesar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a notícia do falecimento de Fernando Sabino. O presidente transmite seus sentimentos aos parentes e amigos deste importante escritor mineiro. Sabino continuará vivo em seus livros e na memória do povo brasileiro”, diz a nota, de quatro linhas.

O escritor e cartunista Ziraldo lamentou a morte, afirmando que ela encerra uma “época de Minas”, marcada por uma geração de talentosos escritores e intelectuais influenciados pelo movimento modernista da década de 1920. “Ele era a grande referência da geração anterior à minha. A famosa geração de 45, os filhos mineiros de Mário de Andrade, as últimas crias de 22. É o século XX acabando”.

Ziraldo fez uma alusão ao seu romance de maior repercussão, publicado em 1956. “Na verdade, é o fim do Encontro Marcado”, disse, lembrando o convívio do escritor com os inseparáveis amigos mineiros Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, todos já falecidos.




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