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Comunidade internacional avalia a situação do Afeganistão
Da AFP
29/03/2004 | 08:33
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Mais de dois anos depois da queda dos talibãs, a comunidade internacional se reunirá em Berlim, na quarta e quinta-feira, para avaliar seus compromissos militar, humanitário e financeiro no Afeganistão e examinar o que ainda resta por fazer.

"O país é como um paciente gravemente doente, que está apenas se recuperando de uma operação difícil. Se os médicos e as enfermeiras o abandonarem agora, não sobreviverá", afirma a socióloga afegã Nasrin Abu Bakre Gross.

O chanceler alemão, Gerhard Schroeder, e seu ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, esperam a presença de quase 60 delegações da ONU (Organização das Nações Unidas), de países vizinhos e do G8, da UE (União Européia) e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Além do presidente afegão, Hamid Karzai, e outros membros de seu governo de transição, os chefes da diplomacia de quase 20 países, entre eles o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, o francês Dominique de Villepin e o britânico Jack Straw, anunciaram sua presença na reunião.

O objetivo é estabelecer um diagnóstico claro do estado do processo de democratização e reconstrução, conta um diplomata alemão que pediu anonimato. "O Afeganistão fez muitos progressos, mas estes continuam sendo insuficientes. No entanto, o país está mais seguro do que há dois anos e governo de Cabul ganhou influência nas províncias ao longo dos últimos meses", acrescentou a mesma fonte.

Porém, os membros do governo de Karzai continuam sendo vítimas regulares de atentados, que já custaram a vida de três ministros desde 2002. Uma área de total insegurança persiste em quase 20% do território, essencialmente nas regiões do sul e leste que fazem fronteira com o Paquistão, onde aumentou a atividade dos talibãs.

PIB - Berlim espera um "sinal claro" da conferência sobre a luta contra o cultivo da dormideiras, avisou a ministra alemã da Cooperação, Heidemarie Wieczorek Zeul. "Porém, o governo afegão também deve demonstrar disposição para assumir sua própria responsabilidade no tema", disse.

Metade do Produto Interno Bruto (PIB) afegão, ou seja US$ 2,3 bilhões, procede do cultivo e comércio de ópio. "O país só conseguirá recuperar a paz e a prosperidade se eliminar este comércio, mas não é possível combater este problema de forma isolada, pois o mesmo está vinculado à influência do governo central sobre os chefes de guerra, assim como à formação de um exército e de uma polícia eficientes", afirmou em Londres um porta-voz do Foreign Office (chancelaria).

Para ajudar o governo, a conferência pode decidir por uma extensão do mandato dos 6 mil soldados da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) e criar novos projetos de ação humanitário-militares nas províncias.

Além disso, os ocidentais consideram que o governo afegão também precisa organizar eleições o mais rápido possível para obter uma nova legitimidade. Karzai adiou para setembro as eleições inicialmente previstas para junho, principalmente por causa da dificuldade de registrar quase 10 milhões de eleitores antes do verão (hemisfério norte).




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