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Nove são presos pelo seqüestro e morte de empresária de Ribeirão
Por Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
21/02/2006 | 07:36
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Nove pessoas foram presas acusadas de seqüestrar e matar a empresária do ramo industrial em Ribeirão Pires Rosa Maria Vera Magnani, 61 anos, encontrada morta com quatro tiros na cabeça em 15 de janeiro deste ano em uma estrada de terra em Rio Grande da Serra, perto da SP-122 (Ribeirão Pires–Paranapiacaba). O grupo começou a ser detido pela Delegacia Anti-Seqüestro de Santo André há cerca de um mês. É formado por quatro mulheres, um menor e quatro homens – entre eles, um advogado. O adolescente foi o último a fazer parte da lista, detido nos últimos dias.

Rosa Maria foi arrebatada dentro da própria casa. Os seqüestradores renderam um empregado da família no caminho de volta da padaria e entraram na residência. A empresária foi colocada no EcoSport de sua filha e levada ao cativeiro, que fica em Rio Grande da Serra. Os criminosos atearam fogo ao carro para evitar coleta de impressões digitais. O ponto de partida da investigação foi o telefone celular da vítima, utilizado para pedir R$ 1 milhão à família.

“Está tudo bem, mas você têm que dar o dinheiro. Eles (os outros seqüestradores) não se responsabilizam pela vida dela. Estão irredutíveis”, disse o negociador da quadrilha a um filho da empresária. Também foi gravada uma mensagem de Rosa Maria, uma prova de vida, que a família ouviu pelo telefone. No recado, é possível perceber o sofrimento da empresária. A refém disse que não agüentava mais e que a família tinha de pagar logo o resgate.

Os filhos da vítima negociaram até baixar a quantia exigida para R$ 350 mil, valor que foi pago aos criminosos, Os seqüestradores, no entanto, insistiam com afirmações de que a refém garantia a eles que a família tinha R$ 1 milhão. Após cerca de 10 dias na condição de refém, a empresária de Ribeirão Pires foi levada à estrada de terra Flávio Humberto Rebizzi, que margeia a represa Billings. Entregaram a ela R$ 2 para ir embora de ônibus, mas mudaram de idéia e a mataram. O corpo foi encontrado a cerca de 50 m de um ponto de ônibus.

Rosa Maria levou dois tiros quando ainda esta de pé. Depois, caída, foi baleada mais duas vezes. Para o delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto de Souza Ferreira, que responde também pela Polícia Civil de Ribeirão Pires, a empresária reconheceu um ou mais seqüestradores e, por isso, foi morta.

Celular – A polícia rastreou o telefone celular de Rosa Maria Magnani e o encontrou em posse de quatro mulheres, que foram presas. Em seguida, chegou ao advogado. Na segunda fase das prisões, foram detidos outros três, acusados de atuar como negociador, carcereiro e “matador”. Depois, foi detido o adolescente. Nenhum deles pertenceria ao círculo de convívio da vítima e sua família.

A Polícia Civil ainda não informou os nomes dos acusados nem apresentou fotografias deles. “Ainda falta uma peça importante para fechar o caso”, disse segunda-feira o delegado seccional Luiz Alberto de Souza Ferreira. Outros detalhes sobre o seqüestro não foram fornecidos pela Polícia Civil.

A Polícia Científica de Santo André confrontou a voz gravada durante a negociação do resgate, pelo telefone, e a voz do homem preso sob acusação de pedir o dinheiro à família. Os testes foram para o laboratório do Instituto de Criminalística. A divulgação do resultado tem prazo de 30 dias a partir da entrega dos exames. Também foram feitas perícias no carro queimado e no corpo.

“Na verdade, ela sofreu muito. Era uma pessoa de idade, mas os criminosos negociaram com muita frieza”, concluiu o perito Nelson Machado, do Instituto de Criminalística de Santo André.

Empresa – Rosa Maria Vera Magnani era viúva e tinha três filhos. Era proprietária da indústria Real Mecânica de Precisão, localizada na avenida Santo André, no Centro Alto, em Ribeirão Pires. A indústria tem cerca de 80 funcionários e ocupa 1.500 m² de área construída. Fornece peças e ferramentas a empresas de diversos ramos, inclusive do setor automobilístico. Rosa Maria completou o aniversário de 61 anos quando já estava sob domínio dos seqüestradores.

A família da empresária foi procurada segunda-feira pela reportagem e evitou tecer comentários sobre o seqüestro e a prisão dos acusados. “Quem sabe disso é a polícia”, disse um parente da empresária. Rosa Maria morava com a mãe, de 82 anos, na Vila Aurora. Quando foi encontrada morta, ela vestia pijama, meias cor-de-rosa e segurava a nota de R$ 2.



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