Setecidades Titulo
Imigrantes do ABC mantêm tradição européia no Natal
Por Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
22/12/2001 | 15:23
Compartilhar notícia


Tradição de Natal. A expressão soa com certo saudosismo a uma legião de imigrantes que atravessou o oceano para chegar ao Brasil, após a Segunda Guerra Mundial, e fundiu sua cultura à brasileira. Muitas dessas famílias se fixaram no Grande ABC e têm passado de geração a geração hábitos e tradições das terras de origem, que vão das crenças aos pratos típicos.

Hoje é privilégio de poucos resistir à total influência brasileira, e essas experiências possibilitam uma aula de vivência cultural. Nesse grupo encontram-se alemães, espanhóis, ucranianos, italianos, japoneses e portugueses, entre outros imigrantes e descendentes.

A família de Peter Frey, 65 anos, de Mauá, é um exemplo desse esforço, ao resgatar lendas, enfeites natalinos e comidas típicas alemãs. Ele e sua mulher, Hilda, 64, são descendentes de alemães e consideram importante manter a tradição junto aos netos. “A nossa comemoração começa quatro semanas antes do Natal. A cada domingo, acendemos uma vela vermelha, que é colocada em uma coroa de cristo feita de ramos de pinheirinho entrelaçados com fitas vermelhas, e a penduramos no centro da sala, como um pedido de esperança e amor.”

De acordo com Frey, na véspera do dia 6 de dezembro – dia de São Nicolau – as crianças da família colocam seus sapatos na janela, junto com um pequeno prato de arroz e uma tigela com água, para receber chocolates, guloseimas e maçãs.

No dia 24, a família se reúne na casa de parentes mais velhos. A ceia do dia 25 é feita geralmente com ganso ou pato assado, repolho roxo e batatas. “Nesse dia são distribuídas bolachas com nozes e canela em formato de Papai Noel, estrelas e pães de mel.”

Uma corrente de oração pelas pessoas desamparadas é um aspecto importante das tradições espanholas mantidas pela moradora de São Caetano Florentina Morales Castillo, 56, nascida em Almería, na Andaluzia, que tem como pilar das comemorações o patriarca Angel Morales Elvira, 89. “No dia 25, o prato típico espanhol que não falta na mesa de nossa família é a paella a la marinera (com frutos do mar). Nesse dia, procuramos convidar pessoas mais próximas, que estejam solitárias, para vir à nossa casa.”

“A gente também escuta músicas espanholas, mas nessa hora a saudade bate. A gente se sente uma pessoa sem pátria. Na Espanha, somos estrangeiros, e aqui, também”.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;