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Estrategista do ‘choque e medo’ teme má interpretação
Da AFP
22/03/2003 | 18:46
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O estrategista Harlan Ullman, teórico da doutrina de ‘choque e medo’, justificou o valor militar dos bombardeios maciços sobre Bagdá, mas admitiu que a expressão pode ser mal interpretada e prejudicar a imagem dos Estados Unidos no mundo.

Harlan Ullman, um ex-comandante da marinha e ex-combatente da guerra do Vietnã, prefere a expressão britânica "Operações baseadas em efeitos" para descrever o bombardeio esmagador sobre Bagdá por parte das forças anglo-americanas desde sexta-feira.

"É muito melhor" disse, lamentando o modo como sua frase "choque e pavor" -utilizada para descrever o uso intenso de forças rápidas para ganhar a guerra- circulou por todo o planeta nas últimas semanas.

A expressão 'choque e pavor' será utilizada para nos condenar", disse Ullman, que também afirmou que os Estados Unidos podem ter entrado na guerra de maneira muito precipitada e que deveriam ter esperado uma nova resolução da ONU, mas aceita a decisão tomada pelo presidente George W. Bush.

"Se tivesse havido mais inspeções poderíamos ter avançado um pouco mais. Mas agora isso pouco importa", disse.

Ullman assegurou que não tem dúvidas de que os Estados Unidos fizeram o que deveriam fazer para tentar eliminar o líder iraquiano Saddam Hussein nos primeiros ataques aéreos quinta-feira e que derrotarão o exército iraquiano numa luta quase "desigual". "Para derrotar o inimigo, é preciso ganhar a guerra. Não importa o modo como consegui-lo", disse.

Seu livro publicado em 1996 -"Choque e pavor: como conseguir uma dominação rápida", foi fortemente influenciado pelas teorias de Sun Tszu, o estrategista chinês do século V (AC), com base na utilização de uma força mais leve e flexível.

O secretário da Defesa Donald Rumsfeld converteu o ‘choque e medo’ ou ‘operações baseadas em efeitos’ na sua política militar desde que os ataques de 11 de setembro de 2001 levaram Washington a reconsiderar as ameaças que pesavam sobre o país.

"O Pentágono não nos disse que passariam a utilizar a expressão "choque e pavor", comentou Ullman. O estrategista reconhece que houve uma revolução militar inimaginável desde sua época de combatente no Vietnã, e durante a Guerra do Golfo, quando o atual secretário de Estado Colin Powell, um ex-aluno de Ullman na Universidade Nacional da Guerra, era chefe do Estado Maior Conjunto.

"Nos imaginemos na selva combatendo os Viet Minh, totalmente assustados, com medo das armadilhas que nos cercavam. Seus AK-47 eram provavelmente tão bons, senão melhores que nossos M-16. Essa era provavelmente uma luta equilibrada". Os iraquianos, insistiu, "certamente encaram uma luta desigual". "Se combaterem vamos deixá-los aos pedaços", acrescentou.

Ullman disse que não se surpreenderia se outras divisões iraquianas seguissem o exemplo da 51ª Divisão, que se rendeu sexta-feira.

A superioridade dos Estados Unidos sobre o Iraque é 10 vezes maior que durante a Guerra do Golfo, devido aos avanços tecnológicos e ao melhor treinamento. Além disso, acrescentou, "nossos rapazes e moças tiveram muita ação na Somália, em Kosovo e no Afeganistão".




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