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Radar paga a vigilante piso salarial de porteiro
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
09/08/2006 | 08:13
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Além da atual dificuldade financeira para cumprir pagamento de salário, FGTS e INSS, mais uma acusação de ex-funcionários pesa sobre a Radar, de São Bernardo. Ontem, durante a homologação de “rescisão zerada” de contrato no Sindicato dos Vigilantes e Seguranças (filiado à CUT), ex-empregados da prestadora de serviços acusaram a empresa de praticar indevidamente “desvio de função”. Segundo trabalhadores e sindicalistas, porteiros atuavam como vigilantes.

Os pisos dos cargos, no entanto, são diferenciados por convenção coletiva. Um porteiro em início de carreira recebe, no mínimo, R$ 430 por mês e um vigilante, na mesma condição, ganha R$ 762. Hoje, quem tem registro de porteiro na carteira, mas atuou como vigilante, reclama de falta de “provas” para recolocação no mercado na mesma função.

Com um ano e nove meses de trabalho na Radar, a principal queixa de Claudinei dos Santos, 32 anos, é justamente o desvio de função. “Isso era o que mais tinha lá. Os poucos que restaram colocavam em outras atividades”, conta. Trabalhando das 19h às 7h com salário de R$ 430, o porteiro-vigilante dava conta de criar três filhos, honrar contas e pagar aluguel.

Segundo os trabalhadores, vigilantes trabalhavam como agentes de escolta – atividade que exige treinamento para porte de arma. Independentemente de função ou salário, todos agora estão cortados da Radar. Seis listas com nomes de demitidos foram encaminhadas ao sindicato, mas, segundo dirigentes, muitas outras ainda estão por chegar.

Ontem, parte dos empregados da Radar compareceram à sede do sindicato para efetuar o desligamento sem o recebimento de aviso prévio, férias proporcionais e multa de 40% sobre o saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A intensa movimentação no pequeno sindicato indica o impacto das demissões na vida de centenas de famílias. Mais de 200 trabalhadores já se desligaram.   Porteiros e vigilantes, alguns deles acompanhados de filhos e mulheres, tiveram de romper de vez as relações empregatícias com a Radar na sede da entidade de representação. Com o fim da vigência dos contratos, os trabalhadores, a partir de agora desempregados, ganham dois anos para reivindicar na justiça o pagamento de direitos trabalhistas.

O vigilante Demétrio Isaías da Silva, 23 anos, após trabalhar um ano e seis meses na Radar, conta que a empresa deve parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), recolhimento da contribuição ao INSS e o pagamento do salário de junho para muitos ex-empregados. “Não pagaram nada até hoje. Vou agora sacar o FGTS e o seguro-desemprego para me manter”, diz Silva.

Depois de trabalhar cinco anos e oito meses na Radar, o vigilante Edward Oliveira da Silva, 36 anos, conta que nos últimos meses ficou sem pagamento. “Eu ia trabalhar sem receber. Pagava para trabalhar.” Silva acreditou em uma promessa: “Disseram que uma nova empresa me contrataria e pagaria os atrasados em três meses. Deram o hollerity, mas até agora não recebi o dinheiro.” Diretores da Radar não foram encontrados para comentar o assunto.



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