O crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho ocasionou uma série de mudanças nas famílias brasileiras. Entre 1995 e 2005, por exemplo, o percentual de casais com filhos caiu de 56,6% para 48,5% na região Sudeste. No mesmo período, o número das famílias chefiadas por mulheres cresceu cerca de 35%, passando de 22,9% para 30,6%. Os dados foram revelados pelo estudo Síntese dos Indicadores Sociais, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse aumento da participação feminina no mercado de trabalho vem acompanhado de um aumento da escolaridade das mulheres. Com isso, os casais acabam adiando a decisão de ter filhos ou decidem-se por não tê-los — o que reduziu a taxa de fecundidade de um modo geral no período de 1995 a 2005. Apenas na faixa etária de 15 e 17 anos o IBGE anotou um ligeiro aumento na proporção de meninas com filhos. 

Com relação ao aumento da chefia feminina, o IBGE percebeu que esse crescimento se deu também nas famílias onde as mulheres têm um cônjuge, embora tenha sido mais forte nos casos de famílias onde as mulheres eram sozinhas, como mães solteiras, separadas ou viúvas. Ainda segundo o estudo, essa chefia foi mais expressiva entre as idosas (27,5%), reflexo da maior expectativa de vida das mulheres e da maior presença delas em domicílios unipessoais (com um só morador).

Afazeres domésticos - Mesmo com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e as mudanças nos padrões familiares, a responsabilidade no cuidado dos afazeres domésticos ainda era predominantemente feminina em 2005.

Entre as mulheres ocupadas, 92% delas declararam cuidar dos afazeres domésticos. De 1995 a 2005, foi observado um tímido aumento da participação dos homens nessas tarefas, mas ainda permanece longe uma divisão igualitária de afazeres entre os sexos masculino e feminino: em média, as mulheres gastavam 25,2 horas semanais nessas atividades, contra 9,8 horas dos homens.