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Cláudio Lins critica texto de 'Esmeralda'
André Bernardo
Da TV Press
24/12/2004 | 11:31
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Cláudio Lins é de uma franqueza desconcertante. Aos 31 anos, o intérprete do bom-moço José Armando, de Esmeralda (SBT), não é dado a evasivas ou subterfúgios. Muito pelo contrário. Gosta de falar o que pensa. Sobre o atual trabalho, por exemplo, ele agradece o convite para protagonizar a novela, mas não hesita em tecer críticas à emissora de Silvio Santos. Principalmente no que diz respeito à qualidade do texto mexicano e ao ritmo intenso de gravações. “Quando surgem convites para novela, não costumo recusá-los. Mas, artisticamente falando, o José Armando não me encheu os olhos”, diz.

Cláudio Lins estréia no SBT depois de passar por Globo, Band e Record. Logo no primeiro dia na nova emissora, ele assistiu ao primeiro capítulo da versão original de Esmeralda, um típico dramalhão da Televisa que narra as agruras de uma heroína cega. O ator, porém, não gostou do que viu. “Foi instrutivo para mostrar o que não devemos fazer”, desdenha. Como geralmente acontece no SBT, dois autores nacionais, Henrique Zambelli e Rogério Garcia, foram incumbidos de adaptar a trama de Délia Fialho à realidade brasileira. “Não notei qualquer diferença. O texto dificulta e muito o nosso trabalho”, afirma, referindo-se ao tom melodramático dos diálogos.

Na trama, Cláudio Lins interpreta José Armando, o rapaz boa-praça que cai de amores pela personagem-título, vivida por Bianca Castanho. Nem o fato de dar vida ao protagonista parece servir de consolo para o rapaz. “Fazer ou não o protagonista, para mim, é irrelevante. Há sempre outros personagens tão ou mais interessantes que o protagonista”, diz ele, que já encabeçou também os elencos de Perdidos de Amor, da Band, em 1996, e Terra Mãe, da RTP, de Portugal, em 1998. Mais do que interpretar o herói da história, Cláudio Lins quer tempo para burilar o personagem e, principalmente, para levar uma vida normal. “Tenho gravado muito. Além do normal. Já perdi a conta do número de cenas que fiz num só dia”.

De fato, o ritmo intenso de gravações já virou motivo de brincadeira entre o elenco. Outro dia, alguns atores brincaram entre si na hora do almoço: “E aí, quantas cenas você grava hoje?”, perguntou um. “Ah, hoje, eu só gravo 20...”, ironizou outro. O ritmo puxado se deve à metodologia adotada pelo SBT. Por ser adaptação de um texto já escrito, a emissora concentra as gravações de cento e tantos capítulos no curto intervalo de três a quatro meses. Por conta disso, o número de cenas pode chegar a 35 ou 40 por dia. “Já me perguntaram o maior cuidado que tive para compor o José Armando. Costumo dizer que é decorar as falas dele”, brinca.

Por conta das gravações de Esmeralda, Cláudio Lins teve de abrir mão de sua carreira de cantor e compositor.

Mas o ator não tem só reclamações a fazer. Ele também elogia os colegas de trabalho. Principalmente Bianca Castanho e Lucinha Lins. Embora nunca tenha contracenado com a primeira, garante que os dois se entendem muito bem em cena. “O único problema é que ela não olha para mim”, graceja, numa alusão ao fato de a atriz interpretar uma cega. Já Lucinha Lins, sua mãe, é uma velha colega de trabalho. Os dois já contracenaram na TV, em novelas como Tiro e Queda, da Record, e no teatro, na recente montagem de Ópera do Malandro, de Chico Buarque. “Bater bola com uma atriz como a Lucinha Lins é sempre um privilégio”, observa, resvalando, pela primeira vez, num lugar-comum.

Versátil - Cláudio Lins já contabiliza 20 só de carreira. A estréia aconteceu aos 11 anos, quando ele estrelou o musical Sapatinho de Cristal, dirigido pelo padrasto, o ator, diretor e bailarino Cláudio Tovar. Já no ano seguinte, Cláudio voltou a atuar em outro espetáculo, Verde Que Te Quero Ver, e nunca mais parou. Desde cedo, o filho do cantor Ivan Lins e da atriz Lucinha Lins demonstrou vocação para as artes. Quando pequeno, compunha canções para os seus super-heróis favoritos e não cansava de entoar as músicas do pai. “Gosto tanto de cantar quanto de representar. São duas artes paralelas que se completam”.




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