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Indústria pede projetos nacionais ao novo governo
Antonio Rogério Cazzali
Do Diário do Grande ABC
07/12/2002 | 18:22
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O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) reivindicam do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que o desenvolvimento de projetos nacionais de máquinas, equipamentos, veículos e autopeças seja uma das prioridades do novo governo para a retomada do crescimento econômico do país.

Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Jefferson José da Conceição, a falta de projetos brasileiros, e a vinda de “pacotes prontos” das multinacionais apenas para a execução no país podem defasar a mão-de-obra local.

“Nós temos de criar mecanismos que façam com que todo o potencial criativo da engenharia brasileira e de seus trabalhadores possam contribuir para gerar divisas ao país, por meio de inovações tecnológicas.” Segundo o economista do Dieese, pesquisas mostram que projetos desenvolvidos regionalmente contribuem para que haja uma priorização dos fornecedores locais para compor a cadeia produtiva.

Quem concorda com o economista é o diretor de tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Mauro Miaguti. Para ele, a necessidade de o Brasil desenvolver conhecimentos próprios é essencial. “Isso não colabora somente para que tenhamos mão-de-obra de melhor qualidade. Além disso, quando se detém a informação há mais respeito nas relações internacionais e melhor poder de barganha.”

Miaguti destaca que os projetos desenvolvidos nas matrizes das companhias estrangeiras sempre requerem que trabalhadores venham desses países para transmitir o conhecimento aos funcionários das fábricas brasileiras. “Nesse sistema atual, caso haja alta taxa de desemprego nos países de origem, corremos o risco de trabalhadores estrangeiros virem para cá atuar nos projetos, tomando a vaga de um funcionário brasileiro.” Segundo o diretor, no novo governo, o Brasil precisa definir quatro ou cinco setores básicos e concentrar neles suas ações.

Na opinião do professor titular do departamento de engenharia eletrônica do Centro Universitário da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), de São Bernardo, Alessandro Laneve, o país, e a região em particular, estão muito bem preparados para desenvolver projetos internamente. “Temos projetos da universidade que já foram premiados no exterior e também alunos que trabalham fora do país, em posições de destaque dentro da área. Isso demonstra que temos condições plenas de desenvolver projetos aqui.”

Segundo Laneve, o Brasil mostra competência mesmo quando trabalha na adaptação de projetos feitos lá fora. “Requer competência e inovação tecnológica para que uma empresa brasileira faça as várias adaptações de um veículo europeu, por exemplo, para o Brasil. Não é tão simples como pensam. Isso já demonstra que temos bons profissionais.”




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