Na noite de segunda-feira, Lula janta coom Kircher no Hotel Copacabana Palace. Inicialmente, o encontro dos dois chefes de Estado estava previsto apenas para a terça-feira, mas a reunião foi antecipada para que os dois mantivessem um encontro mais informal.
No dia seguinte, os dois chefes de Estado têm uma reunião de trabalho para discutir assuntos políticos e econômicos. A expectativa é que o presidente brasileiro converse com Kirchner sobre a relação da Argentina com o FMI.
O país vizinho firmou na última terça-feira um acordo com o organismo que evitou o calote de US$ 3,1 bilhões. Em contrapartida, o presidente Lula também vem mantendo contatos com uma série de líderes internacionais para pedir que intercedam junto ao FMI no sentido de sensibilizar o Fundo para a flexibilização das regras impostas aos países da América Latina.
Segundo o jornal El Clarín, o setor têxtil é um dos principais focos de conflito comercial entre os dois países. Entre 2001 e 2003, as exportações têxteis do Brasil para a Argentina sofreram um incremento da ordem de 60%. Com o argumento de proteger a indústria local, o governo argentino anunciou medidas unilaterais para enfrentar o que eles chamaram de “invasão brasileira”.
O jornal destaca que, com o apoio do governo Lula, durante as negociações com o FMI, avançou-se em uma estratégia comum entre os organismos multilaterais e o governo argentino decidiu rever a medida. Entre os principais pontos do acordo estão a eliminação das licenças automáticas para 95% dos produtos têxteis, o que deixa apenas 5% das importações têxteis fora do acordo, representados pelos tapetes.
Em contrapartida à medida, o governo brasileiro vai autolimitar suas vendas anuais de tecidos acrílicos. Neste setor, os exportadores brasileiros vão respeitar os preços internacionais do produto e não recorrerão ao dumping (venda do produto abaixo do preço de custo), considerado uma concorrência desleal.
Uma outra contrapartida brasileira, segundo a Agência Brasil, está na redução de 25% das vendas de denin, tecido usado na fabricação de jeans, para a Argentina. Os empresários brasileiros aceitaram esta limitação que será monitorada a cada quinze dias por ambos os governos.
A reunião entre Lula e Kirchner foi agendada durante a reunião do G-15, na Vezenuela, no mês de fevereiro – quando os dois chefes de Estado decidiram estabelecer uma série de contatos regulares como forma de discutir de maneira mais próxima assuntos de interesse do Brasil e da Argentina.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.