Ainda faltam alguns dias para o verão – estação marcada por temporais – mas o PPDC (Plano Preventivo de Defesa Civil) já está em vigor. Desde quinta-feira, todas as cidades do Grande ABC estão em estado de observação. Até 31 de março, quando chega ao fim o esquema especial, as defesas civis das sete cidades serão abastecidas diariamente com dois boletins meteorológicos que irão alertar sobre a chegada de chuvas e a possibilidade de alagamentos.

Caso o índice pluviométrico ultrapasse a marca de 100 mm no acumulado de três dias consecutivos ou a previsão seja de chuvas prolongadas, o nível de alerta muda de observação para atenção. Se forem constatadas faixas de instabilidade que indiquem possibilidade de deslizamento, o nível passa para alerta e a possibilidade de remoção de famílias de áreas de risco é analisada. O alerta máximo, último nível, só ocorre caso seja registrado de fato um deslizamento em alguma encosta de morro.

Na prática, o protocolo que será empregado esse ano no PPDC é o mesmo que já foi utilizado nos dois últimos verões – 2003/2004 e 2004/2005. “É uma fórmula que deu certo e não temos motivo para mudá-la”, disse o coronel Celso Camargo, comandante da Defesa Civil Estadual. Como argumento de sua tese, ele cita a queda de 7% no número de vítimas fatais no comparativo entre as duas últimas temporadas de chuvas. No verão 2003/2004 foram 29 mortes frente a 27 vítimas fatais registradas em 2004/2005.

O problema é que das 27 mortes ocorridas no último verão, dez delas foram em São Bernardo, em deslizamentos ocorridos nos morros da Vila Esperança e Jardim Silvina. Em outubro, o Diário voltou às encostas onde ocorreram as mortes e se deparou com um cenário perigoso. Algumas famílias que haviam sido retiradas da área de risco reocuparam suas casas e voltaram a ficar expostas ao risco de novos deslizamentos. Segundo as defesas civis da região, os moradores de áreas de risco foram alertados do perigo.

E eles não devem ser poucos nesse verão. Assim como na temporada passada, o volume de chuvas deve superar a média pluviométrica histórica para o período, que é de 816,8 mm. Só que com um agravante: dessa vez, o excesso de água deve chegar acompanhado por ventos fortes e muito granizo – de acordo com previsão da Defesa Civil Estadual.

PPDC – O Plano Preventivo de Defesa Civil é realizado em 110 das 645 cidades de São Paulo. O critério para restrição é o número de ocorrências registradas em razão das chuvas. Em cada uma das cidades acolhidas pelo PPDC, a atenção se volta para um problema específico. No Grande ABC, a principal preocupação com a chegada das chuvas é com deslizamentos. De acordo com um levantamento feito pelas prefeituras da região em outubro, 60 mil pessoas estão sujeitas a algum tipo de risco, seja por alagamento ou deslizamento.