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Periferia representa

John Wayne lança 2° disco com inspiração
em livro e se prepara para tocar no Rock in Rio

Por Oscar Brandtneris
21/09/2015 | 07:00
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Divulgação


Áreas periféricas da cidade abrigam aqueles que precisam matar um leão por dia para conseguir viver com o mínimo de dignidade possível. Só bandidos e marginais? Não! Ali é lugar de gente que sonha, que sofre, respira fundo e segue com força na escalada.

Então, deem boas-vindas à John Wayne, um sonho de cinco apaixonados por música e que fazem um metalcore de primeira qualidade com inspirações improváveis, como a que guiou o segundo disco da banda. Dois Lados – Parte 1 (Deck) é inspirado em A Divina Comédia, obra do escritor italiano Dante Alighieri. Autenticidade sem deixar de respeitar as raízes é regra desse trabalho.

Logo no encarte do disco, destaque para a frase “deixai toda esperança, vós que entrais”, trecho do livro que serviu de base para as composições do novo trabalho. Nas letras, a indignação por aqueles que tratam o próximo como ‘indigentes renegados’ ou com a ‘dor de uma criança indefesa’ que mora na favela sem perspectivas. Na voz, gritos rasgados que, mais do que um estilo musical, há necessidade de colocar toda injustiça para fora.

“Nós somos uma banda de metalcore e uma das principais características desse estilo é o vocal rasgado. Por outro lado, as letras têm uma necessidade de expressão muito forte e acaba sendo inevitável cantar desta maneira. Para passar o que queremos é necessário gritar”, comenta Rogerio Torres, guitarrista e letrista.

Além da obra de Alighieri, outra inspiração da banda é o rap. Afinal, nada mais justo, uma vez que esse estilo de expressão musical nasceu na periferia e a banda é do bairro Perus, Zona Norte de São Paulo. “O rap nasceu no mesmo lugar que a gente e nós acabamos falando das mesmas coisas”, diz o guitarrista.

Em entrevista ao Diário, uma discussão sobre a sociedade brasileira e suas feridas também foi levantada. Tal paralelo sobre alguns paradigmas está presente nas letras com tom de revolta e anseio de mudança, sempre. O grito é capaz de representar tal sentimento. E Torres é pontual: a mudança está em nós. “Somos seres capazes, inteligentes. Em qualquer que seja o sentido, não espere nada de ninguém, faça você mesmo. Seja sua mudança. Costumo dizer também que se a pessoa não quer, nem mesmo Deus pode ajudar. Logo, não são os governantes que vão fazer isso.”

ROCK IN RIO
Com muito talento e na luta para fazer seu sonho musical acontecer, os músicos da John Wayne representarão o Brasil e a periferia com muito peso na quinta-feira, nesta edição do Rock In Rio (no palco Sunset). “O metal é um estilo que sofre bastante preconceito, mas nós estamos aqui para mudar isso e temos conseguido. O Rock in Rio é uma dessas provas, é uma vitória muito grande não só para a banda, mas para toda a cena metal brasileira. Estamos felizes com essa conquista”, conclui Torres.




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