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Jovem andreense supera traumas e vira destaque no hipismo

Leticia Zoppei supera perda do pai, de três cavalos e a falta de recursos antes de brilhar na modalidade

Por Anderson Fattori
23/08/2015 | 07:00
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Celso Luiz



Os obstáculos da pista de hipismo não foram os únicos que a andreense Leticia Zoppei, 15 anos, teve de superar para manter o sonho de praticar uma das modalidades mais caras do esporte. Nascida em família de classe média, além da falta de dinheiro, precisou amadurecer antes das garotas da idade para superar perdas irreparáveis do pai e de três cavalos que usava nas provas para se tornar uma das melhores amazonas do Brasil na sua faixa etária.

Até hoje a mãe da atleta, Katia Zoppei, tenta compreender de onde veio a adoração da filha por cavalos. “Desde de pequena ela só queria ganhar presentes relacionados a cavalo. A vida toda foi assim”, conta.

A brincadeira de criança ficou séria quando Leticia chegou aos 10 anos e convenceu a mãe a vender o único carro que tinha para comprar um cavalo. “Ela insistiu muito, era o único vício que tinha e resolvi fazer esta loucura”, lembra Katia.

O sonho virou pesadelo quando seis meses depois o cavalo adoeceu e morreu. Sem dinheiro nem carro, tudo parecia perdido, mas a amazona deu sorte de ter pessoas solidárias em seu caminho. Um desses personagens doou outro cavalo para a jovem, mas pela idade também acabou morrendo.

A terceira tentativa foi a mais traumática. Leticia aceitou domar um cavalo que estava encostado em uma hípica por ser arredio e, com muita disposição, o transformou em animal de salto, ficando com ele por dois anos. Em dezembro, porém, quando era levado para competição, acidente de trânsito matou o companheiro.

Parecia o suficiente para desistir do sonho, mas Leticia surpreendeu a mãe ao insistir na ideia. Contou outra vez com ajuda de amigos e hoje monta a égua Lady Dhara e a parceria tem feito muito sucesso.

A atleta ganhou torneios importantes que a colocaram como a segunda melhor do Brasil na sua idade, isso sem participar de todas as provas por falta de recursos, já que o transporte do animal chega a custar R$ 4.000, além dos R$ 2.000 que a mãe investe mensalmente para manter vivo o sonho da filha.

No início de julho, Leticia passou a ser patrocinada pela construtora Patriani, que deu condições a ela de participar de mais campeonatos. Neste fim de semana, está em Ribeirão Preto e no fim do mês vai disputar o Brasileiro, em Curitiba.

Depois de tudo que passou, Leticia parece trilhar o caminho de se tornar atleta olímpica. “Este é o meu grande sonho. Representar meu País, continuar no hipismo porque é o que gosto de fazer”, conta a amazona, que tira de letra as brincadeiras dos colegas e viaja quase duas horas todos os sábados para treinar em uma hípica em Embu das Artes. “Abro mão de tudo pelo meu sonho.”
 




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