Economia Titulo Custo de vida
Inflação no semestre é a maior desde 2003

Nos seis primeiros meses do ano, índice
acumula 6,17%; soma chega a 8,89% em 12 meses

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
09/07/2015 | 06:04
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Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Públicas:


Indicador oficial da inflação no País, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), chegou a 6,17% no primeiro semestre deste ano. Foi o mais alto patamar para o período desde 2003 – primeiro ano de governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No acumulado de 12 meses, a taxa inflacionária chega a 8,89%, a mais elevada de dezembro de 2003 até agora. Em junho, a inflação subiu 0,79%. No mesmo mês de 2014, a variação ante maio foi de 0,40%. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), indexador utilizado para reajustar o salário mínimo, somou 9,31% em 12 meses.

O resultado de junho foi impulsionado pela elevação dos preços nos grupos de despesas pessoais (1,63%); saúde e cuidados pessoais (0,91%) e habitação (0,86%). Nas despesas pessoais, a principal alta ocorreu nos jogos lotéricos (30,8%). Os preços dos convênios médicos, remédios e artigos de higiene puxaram para cima os custos de saúde e cuidados pessoais. Os aumentos nas taxas de água e esgoto foram os principais responsáveis pelo desempenho do segmento de habitação.

Apesar de os acumulados – tanto de 12 meses quanto do semestre – serem os mais altos desde 2003, especialistas já veem possibilidade de queda para os próximos períodos. “Nos índices mensais, a média móvel dos últimos seis meses já está com tendência de redução”, analisa o economista André Roncaglia, professor da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado). O IPCA subiu de abril a junho, mas é mais baixo do que o de janeiro, de 1,48% (veja gráfico acima). Entretanto, os resultados anuais deverão começar a cair apenas nos últimos meses do ano.

Segundo Roncaglia, a inflação tem sido influenciada pelos preços dos alimentos e pelas tarifas controladas pelo governo, como água, esgoto e energia elétrica. Essas elevações, diz o economista, provocam choques na economia do País, que tem dificuldade para se recuperar. “Seria como colocar um idoso sedentário para subir correndo as escadas de um prédio até o 14º andar. Ele levará pelo menos até o resto do dia para se recompor. Essa demora para a recuperação da economia brasileira se deve a uma estrutura de indexação muito disseminada. Ou seja, os preços são reajustados com base no que aconteceu no passado.”

Para ele, a política econômica adotada pelo Banco Central nos últimos meses já tem surtido efeito no combate à inflação. Entretanto, ele avalia a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária) continuar a aumentar a taxa básica de juros (Selic) para reforçar a credibilidade perante os investidores. Ele alerta, entretanto, que a continuidade da aplicação de alta na Selic pode comprometer o ajuste fiscal que está sendo feito pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff (PT). “Chega a um ponto que, quando sobe demais, a consequência é aumentar a carga de juros do que o governo tem que pagar sobre a dívida pública.” Atualmente, a Selic está fixada em 13,75% ao ano.

O analista socioeconômico do IBGE Jefferson Mariano segue a mesma linha e avalia que a retração da atividade econômica e a política monetária do governo contribuem para que ocorra acomodação da inflação. “Além disso, o pacote de reajustes já aconteceu. Por isso, deveremos ter cenários de índices mensais paulatinamente em redução.”

A meta de inflação definida pelo Ministério da Fazenda é de 4,5% ao ano, com variação de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A estimativa do Banco Central é de que o centro da meta seja atingido somente em 2016.




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