Setecidades Titulo Evento
Parada LGBT reúne 1.200 em Sto.André

Evento chamou a atenção para o preconceito e a violência contra os homossexuais

Yara Ferraz
06/07/2015 | 07:07
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Nem o frio nem a garoa na tarde de ontem conseguiram desanimar os participantes da 11ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis) de Santo André. Segundo dados da Polícia Militar, havia cerca de 1.200 participantes.

Os dois trios saíram do cruzamento entre a Avenida Dom Pedro II e a Rua Catequese, fizeram o retorno no Parque Celso Daniel e terminaram a festa na Rua Padre Vieira. O evento contou com o apoio da GCM (Guarda Civil Municipal), PM, Departamento de Engenharia de Tráfego, Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e Secretaria de Saúde.

Com o tema Onde Você Estava?, a ONG (Organização Não Governamental) ABCD’S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), organizadora do evento, chamou a atenção para a violência contra os homossexuais. “Queremos fazer essa pergunta para todos. Onde você estava quando alguém sofreu preconceito? Ou quando uma travesti foi assassinada?”, disse o presidente Marcelo Gil.

Ao sair da concentração, por volta das 14h30, Gil agradeceu o apoio da Prefeitura, mas fez críticas sobre como a população LGBT é tratada na administração. “Essa coordenadoria LGBT que faz parte da Secretaria das Mulheres não tem representantes nossos e não há diálogo com eles.”

Com presença confirmada, a modelo transexual Viviany Beleboni, 26 anos, não compareceu. Segundo Gil, foi ameaçada. “Ela recebeu telefonemas dizendo que se aparecesse aqui seria morta. Já estamos tomando medidas legais em relação a isso.”

A diversidade era visível nos frequentadores que vieram de diversas cidades do Estado. Fabíola Ravena, 26, viajou de Piracicaba para prestigiar o evento. “É minha primeira vez aqui e estou achando maravilhoso. Sou trans há 16 anos e sinto o preconceito na pele, acho que essas ações ajudam a lutar contra o preconceito”, afirmou.

O cabeleireiro Michael Christian, 27, é do Jardim Zaíra em Mauá e trouxe o irmão mais novo Júnior Dionizes, 17. “A minha mãe também sempre está comigo, tenho sorte porque a minha família é muito presente”, contou.

Rainha do evento desde a primeira edição, Salete Campari chamou a atenção para o respeito. “É a única coisa que queremos. Todos merecemos respeito e ter um bom convívio em sociedade.”

O dançarino Robert Silva Júnior, 27, de São Bernardo, é heterossexual e prestigiou o evento pela quinta vez. “Eu sempre venho dançar e acho o evento bem animado. O importante é cada um respeitar o outro, independentemente do que ele gosta”, disse.

Já o advogado Valdir Bastos, 40 anos, mais conhecido como a travesti Tchaka, é a apresentadora da Parada Gay de São Paulo. Ela disse que fez questão de participar do evento em Santo André como militante. “Precisamos mostrar para esses conservadores que somos representativos.”

Evangélicos aproveitaram para protestar em relação à postura de líderes religiosos e manifestar apoio aos homossexuais. Eles seguravam cartazes com escritas como ‘Jesus cura a homofobia’ e ‘Malafaia e Feliciano não nos representam’.

“Encontramos muita resistência dentro das igrejas, mas também muitas pessoas que tinham a mesma opinião que a nossa e não tinham coragem de falar. Queremos evangelizar e prestar apoio às famílias com pessoas homossexuais e estamos recendo muito apoio”, disse José Barbosa que é integrante da Igreja Batista.

Shopping bloqueia o acesso de participantes após evento

Participantes da Parada do Orgulho LGBT foram barrados no Grand Plaza Shopping, ontem. Segundo eles, seguranças os agrediram e impediram o acesso. Boletim de ocorrência de lesão corporal foi registrado no 4º DP (Jardim).

A turismóloga Marcela Correia da Silva, 36 anos, disse que foi pegar o carro no estacionamento e teve o celular tomado pelos seguranças. “Eu levei dois socos na cara e um puxão de cabelo.”

A administração informou que por volta das 18h bloqueou o acesso de pedestres na portaria da Avenida Industrial para preservar a integridade física dos frequentadores do local e evitar danos ao patrimônio, face o registro de tumultos na área externa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;