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Teste do pezinho tem três meses de espera
Por Bruna Gonçalves
08/08/2010 | 07:07
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O resultado do teste do pezinho pode levar até três meses para ficar pronto no Grande ABC. Esse é o tempo médio que o Hospital Estadual Mário Covas está levando para recebê-los desde fevereiro quando a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Caetano deixou de ser habilitada pelo governo do Estado para fornecer os diagnósticos.

As amostras de sangue dos recém-nascidos são colhidas nas maternidades e depois encaminhadas ao hospital, que as envia para análise ao Cipoi (Centro Integrado de Pesquisas Onco-Hematológicas da Infância), da Unicamp (Universidade de Campinas).

"A dificuldade é no tempo de retorno desses exames, que estão ultrapassando o prazo de 20 a 30 dias que a Apae levava para entregar. Temos que lidar com a espera de dois a três meses. Em casos de alteração, o Cipoi envia email para que possamos contatar a família", disse a médica gestora do Hospital Estadual Mário Covas Eliane Terezinha Rocha Mendes.

Os recém-nascidos que tiverem confirmados problemas nos exames dão início ao tratamento no ambulatório do hospital.

Outra dificuldade apontada pela gestora é a localização das famílias. "Quando há alteração no resultado, temos que convocar as crianças para nova coleta. Mas nem sempre os endereços e os telefones deixados na maternidade estão corretos. Isso dificulta."

Para o presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Clóvis Francisco Constantino, o ideal é o que o resultado seja obtido até 30 dias após a coleta. "É o tempo limite para que seja iniciado o tratamento caso acuse alteração. Além disso, esse atraso leva ao esquecimento das famílias que tem de pegar o resultado", afirmou.

A dona de casa Cíntia Cristina Rezende Coelho, 33 anos, recebeu no hospital toda a orientação sobre o teste. "Muitos desconhecem o que o exame pode diagnosticar. É importante que tenha orientação nas maternidades", disse a moradora de São Bernardo, mãe de uma menina de um mês e meio.

PREVENÇÃO - O teste do pezinho, realizado por meio de análise de gotas de sangue dos bebês, serve para identificar infecções e doenças genéticas relacionadas a distúrbios do metabolismo. O sangue é armazenado sob forma de pequenas manchas num papel, que é posteriormente utilizado para os testes laboratoriais.

O exame é gratuito e obrigatório em todo o País. "O ideal é que seja realizado no segundo ou terceiro dia de vida. Em média, os casos de alteração ocorrem de um para 5.000 pacientes. É fundamental o diagnóstico precoce para o início do tratamento", explicou Constantino.

O exame serve para diagnosticar hipotireodismo congênito (produção insuficiente de hormônio à deficiência intelectual), fenilcetonúria (falta de enzima que pode levar a atraso do desenvolvimento das funções motoras), fibrose cística (distúrbio que causa secreção de glândulas) e hemoglobinopatias (anormalidade na estrutura ou produção da hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio para os tecidos).

São Caetano vai concentrar exames a partir de setembro

Em fevereiro, a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcioniais) de São Caetano deixou de fornecer o resultado do teste do pezinho - após a Prefeitura receber ofício do Ministério Público pedindo documentação sobre o convênio.

A administração instalou auditoria e descobriu que a instituição realizava exames e tratamentos para moradores das regiões de Osasco e Guarujá.

A Prefeitura prometeu desenvolver na época, em 90 dias, um centro de referência pós-natal para concentrar os exames e o acompanhamento médico dos bebês que sejam diagnosticados com alguma doença na região.

De acordo com a Prefeitura, o centro está pronto e deve ser inaugurado em setembro. Porém, frisou que a Secretaria Estadual de Saúde ainda não devolveu o serviço e aguarda a definição do teto financeiro estadual para fazer triagem neonatal.

Enquanto isso, a administração disse que o acompanhamento dos testes positivos do município está sendo feito na Unidade de Atendimento à Saúde da Criança e Adolescente.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, São Caetano realizará o acompanhamento do diagnosticado. A análise continuará no Cipoi (Centro Integrado de Pesquisas Onco-Hematológicas da Infância), da Unicamp (Universidade de Campinas), pois é o local que preenche os requisitos exigidos.

O Estado aguarda que a Prefeitura apresente o projeto oficial para mostrar quais serão os tipos de tratamentos realizados para, em seguida, liberar o recurso.




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