Economia Titulo Aplicações
Poupança tem maior fuga de recursos para abril em 20 anos

Retiradas superaram depósitos em R$ 5,8 bilhões;
rentabilidade abaixo da inflação faz recursos migrarem

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/05/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Em abril, os poupadores da caderneta de poupança realizaram volume recorde de saques. Segundo dados do BC (Banco Central), a quantia de retiradas superou a de depósitos em R$ 5,851 bilhões. Trata-se da pior captação líquida (fuga menos entrada de recursos) para o mês em 20 anos, ou seja, desde o início da série histórica do BC, em 1995.

No mês passado foram depositados R$ 150,5 bilhões e, sacados, R$ 156,3 bilhões. O total que permaneceu aplicado somou R$ 648,3 bilhões. Esse é o quarto mês seguido em que as retiradas são maiores do que os depósitos. Desde o início do ano, o saldo está negativo em R$ 29 bilhões.

Apesar do montante recorde, o total que saiu da caderneta em abril ficou abaixo do saldo da captação de março, quando R$ 11,4 bilhões deixaram a aplicação – recorde para todos os meses em 20 anos.

Na comparação com abril do ano passado, o resultado foi pior, já que, à época, o saldo ficou negativo em R$ 1,2 bilhão – os demais meses do ano ficaram positivos.

Dentre os motivos que explicam esse cenário, na avaliação do coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, destaca-se o fato de a caderneta de poupança ter, atualmente, rentabilidade menor que a inflação. A aplicação rende em torno de 6,5% ao ano – sendo 6,18% ao ano mais TR (Taxa Referencial) –, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu, em março, 8,13% acumulados em 12 meses. Hoje o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará o índice de abril. “É altamente desestimulante deixar recursos investidos na poupança. Ainda mais que existem opções como fundos de renda fixa e títulos do tesouro indexados à inflação e à Selic que são muito mais rentáveis.” A Selic, taxa básica de juros, está em 13,25% ao ano.

Além da migração entre modalidades de investimento, Balistiero aponta que, em tempos de economia na marcha lenta e crescimento do desemprego, a retirada de recursos da caderneta pode ser alternativa adotada para pagar dívidas.

Como consequência, desde segunda-feira a Caixa Econômica Federal reduziu o limite do financiamento de imóveis usados; o teto do crédito passou de 80% para 50% do valor, ou seja, agora é preciso bancar com recursos próprios pelo menos a metade do custo.

Na contramão, os depósitos da Caixa no Grande ABC, em abril, superaram os saques, com evolução em carteira de 1,17%. Para a gerente regional de pessoa física em exercício, Amanda Vasconcelos, isso se explica porque há, no começo do ano, saída de recursos para pagar impostos e material escolar, mas a partir do segundo trimestre os clientes recomeçam a poupar. 




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