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Leilão de carro é pechincha perigosa
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
27/08/2011 | 07:02
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Adquirir um carro usado por meio de leilões tem atrativos, sobretudo o preço, normalmente bem abaixo dos valores de mercado, mas a modalidade exige cuidados adicionais para o comprador, além dos que ele já teria ao fazer a aquisição em uma loja.

Isso porque essa é uma relação de consumo específica, "híbrida", em que há normas do Código de Defesa do Consumidor que não se aplicam. Por exemplo, não há o prazo de garantia legal de 90 dias, existente se a compra for realizada por uma revenda. Isso significa que a pessoa não pode reclamar de defeitos, após levar para casa o bem adquirido, segundo o advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Guilherme Varella.

O diretor da Sato Leilão, Antonio Hissao Sato Júnior, esclarece que o leilão prevê "vício oculto", ou seja, há riscos embutidos, mas ele estima que, caso o consumidor consiga um carro em bom estado, pode se beneficiar de preços, em média, 30% a 40% abaixo do valor de mercado. Outra empresa do ramo, a Superbid, que faz leilões on-line, informa que essa diferença pode chegar até a 80%.

No entanto, nem sempre a vantagem do preço compensa. O barato pode sair caro. O consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa cita que o veículo pode ter passado por enchente ou ter sofrido acidente grave. E há regras que fazem com que a pessoa pouco habituada a esse negócio tenha mais dificuldades em saber se vale ou não à pane fazer o arremate. Um dos problemas é que, normalmente, na hora do leilão não se tem acesso à parte interna (por exemplo, abrir o capô) nem se pode ligar o carro.

Outro obstáculo, segundo o economista da agência automotiva MSantos, Ayrton Fontes, é que também não dá para saber como está documentação do item, para saber se há restrições jurídicas. Por esses motivos, ele não recomenda a modalidade de compra para o consumidor. "Os riscos são muito grandes; isso é mais voltado para lojas, que já têm expertise no ramo", afirma.

Garbossa não é tão taxativo. "Quem quer participar precisa verificar bem os trâmites". Ele diz que o interessado em arrematar um veículo deve ir várias vezes em eventos desse tipo para se inteirar do negócio, antes de se aventurar a dar lances.

DETALHES - Um dos primeiros passos para quem quer ter êxito nessa área, segundo leiloeiros, é ler com atenção o edital, para obter informações úteis sobre o tipo do negócio e o estado dos carros. Sato Júnior esclarece que no caso específico de leilões do Ciretran esse bens (que passaram por acidentes de trânsito) são vendidos como sucata.

Em outros casos (por exemplo, retomada do bem pelo banco por falta de pagamento de financiamento), no entanto, o edital informa se os carros têm motor e câmbio, se estes itens estão funcionando ou se estão um pouco avariados.

Sato Júnior recomenda que a pessoa visite, com antecedência, o local onde estão os carros, para tentar conhecer melhor o alvo de seu interesse. Normalmente, o pátio é aberto para visitação dois a três dias antes da transação.

O especialista também cita que as empresas divulgam dados como os números de chassi e do cadastro do Registro Nacional de Veículos e, assim, é possível puxar a ficha do veículo junto a despachantes. Porém ele ressalta que débitos anteriores, como IPVA, licenciamento, multas e taxas, são saldadas com o valor da arrematação e o consumidor não precisa se preocupar com essas pendências. "Até R$ 300, quem assume a dívida é o arrematante, acima disso quem paga é o banco", afirma.

Outra orientação: levar dois cheques, um para pagar, no ato, 20% do valor do produto arrematado (o restante terá ser pago em 48 horas), e outro para cobrir a comissão do leiloeiro (5%, que não está incluso no preço acertado). Essa é outra desvantagem: é preciso pagar à vista.




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