O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar a participação da sociedade civil nos programas sociais do país e afirmou que é preciso ter vontade política para combater o analfabetismo. Nesta segunda-feira, ele lançou o programa Brasil Alfabetizado, que visa ensinar 20 milhões de pessoas com mais de 15 anos a ler e escrever até o fim de 2006.

“Nós precisamos parar com idéia de que o Estado pode tudo, de que o governo pode tudo. É preciso que todos se perguntem sobre o seu papel enquanto cidadãos. O que estamos fazendo para dar a nossa contribuição para esse país. Tem muita gente dando contribuição, mas muita gente ainda pode fazer mais”, disse Lula.

Segundo o presidente, os brasileiros que aprenderam a ler e a escrever devem socializar esse conhecimento com aqueles que não tiveram a mesma oportunidade. Ele citou o exemplo dos empresários que, se assumissem o compromisso de alfabetizar 10% de seus funcionários, tornariam possível acabar com o analfabetismo em um ano. “É preciso adotar essa campanha de alfabetização como se fosse uma campanha de vacinação contra o vírus do analfabetismo”.

O Programa Brasil Alfabetizado pretende abolir o analfabetismo no país até o final de 2006. Para este ano, contará com recursos da ordem R$ 278 milhões. De acordo com o cronograma, serão alfabetizadas três milhões de pessoas em 2003, seis milhões em 2004, seis milhões em 2005 e cinco milhões em 2006.

Diploma- Um dos ‘tópicos’ das eleições, o fato de não ter um diploma universitário foi lembrado por Lula. “Não é mérito, mas, pela primeira vez na história, a República tem um presidente e um vice-presidente que não têm diploma universitário. Possivelmente, se nós tivéssemos, poderíamos fazer muito mais”.

Ministro - Ainda nesta segunda, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, assinará oito protocolos de intenções com instituições de ensino. Ele lembrou que para acabar com o analfabetismo entre adultos, é preciso investir na alfabetização das crianças.

Buarque informou que 79% dos alunos que estão na 4ª série do Ensino Fundamental não sabem ler, o que significa dez milhões de pré-analfabetos adultos. E citou a “santíssima trindade da educação: cabeça, coração e bolso. Os professores devem ter o bolso bem remunerado, a cabeça bem formada e o coração bem motivado”.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), um em cada cinco adultos do mundo não sabem ler e escrever. Entre os analfabetos, dois terços são mulheres.

Analfabetismo funcional- Uma pesquisa divulgada nesta segunda pelo Instituto Paulo Montenegro/Ibope mostra que apenas 25% dos brasileiros com idade entre 15 e 62 anos dominam a leitura e a escrita. Os analfabetos funcionais (que sabem ler, mas não conseguem entender textos simples) são 67% e os analfabetos plenos, 8%.

O levantamento, realizado com duas mil pessoas, mostra ainda que 60% dos brasileiros não completaram os oito anos de Ensino Fundamental.