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Moradores do Jd. Bom Pastor protestam contra alojamentos
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
24/03/2006 | 07:53
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Moradores do Jardim Bom Pastor protagonizaram um bate-boca na manhã de quinta-feira com funcionários da Secretaria de Habitação de Santo André e depois realizaram protesto. O motivo da briga foi a movimentação de caminhões da Prefeitura para construção de barracos de madeira no principal corredor de acesso ao bairro de classe média: a avenida Lauro Gomes. As moradias seriam ocupadas por seis famílias da favela Tamarutaca, cerca de 100 metros distante dali, que perderam suas casas no temporal da última terça-feira.

Para os manifestantes, ao construir os barracos, a Prefeitura de Santo André patrocinaria uma nova ocupação irregular. Com ela, segundo moradores do Bom Pastor, viria a desvalorização dos imóveis e o aumento da criminalidade. Depois da discussão no Jardim Bom Pastor, os moradores seguiram até o Paço Municipal, onde deram seqüência ao protesto. Após muita pressão, a Secretaria de Habitação recuou e decidiu não construir os alojamentos na avenida Lauro Gomes. As seis famílias se mudaram para casa de parentes e receberão por um ano verba da Prefeitura para pagar o aluguel de uma casa – o valor da mesada não foi informado.

Para agravar ainda mais a situação, o trecho da avenida Lauro Gomes onde as famílias seriam abrigadas fica ao lado do ribeirão dos Meninos e é ponto de enchentes. Segundo moradores do bairro, na última terça-feira, quando foram interditados os barracos, o alagamento no trecho da avenida chegou a atingir cerca de um metro de altura. Apesar do risco, as famílias queriam ficar nos alojamentos. O motivo era porque o local onde os barracos iriam ficar eram próximos à favela onde viviam.

“Moro aqui há 17 anos, com orgulho. Quando cheguei aqui era um barraquinho de madeira. Fui construindo tudo devagarinho, bloco por bloco, para ver se melhorava. Aí veio a chuva e levou tudo. Aqui sempre dava enchente, mas não desse jeito. Que culpa a gente tem”, afirmou a aposentada Acília Alexandrino da Conceição, 64 anos. Ela morava com o marido e um neto numa das casas da favela que foram comprometidas pelos deslizamentos. Uma casa vizinha teve um cômodo engolido pelas águas.

“Isso aqui está um perigo. Não tem como a gente ficar não”, disse a dona-de-casa Jesuina Pereira, 36 anos. A Prefeitura de Santo André admite que ainda não sabe qual será o futuro das seis famílias desabrigadas quando terminarem os doze meses em que a administração se comprometeu em custear o aluguel de uma nova moradia. A tendência, no entanto, é de que essas famílias sejam incluídas em cadastros para aquisição de casas em conjuntos habitacionais, assim como outras famílias mantidas sob a mesma condição em Santo André.




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